Folha de S. Paulo


Para presidente da AMB, importação de médicos afetará mais pobres

O presidente da AMB (Associação Médica Brasileira), Florentino Cardoso, avalia que a população de baixa renda será a mais afetada com a vinda de médicos cubanos, anunciada ontem pelo Ministério da Saúde.

Para Cardoso, o baixo grau de instrução e informação sobre a própria doença contribuirão mais ainda para a desinformação. "Os pobres serão os que mais vão sentir negativamente o convênio com médicos cubanos", disse.

Segundo Cardoso, "muitos não vão nem saber se tiveram um atendimento satisfatório, ou se o procedimento adotado fazia sentido. Vai ser uma tragédia", afirmou.

MAIS MÉDICOS

O Brasil vai receber até 4.000 médicos cubanos até o final de 2013, 400 deles imediatamente, dentro do programa federal Mais Médicos.

Um dos focos do programa é ampliar a presença de médicos, brasileiros ou estrangeiros, no interior do país e nas periferias das grandes cidades.

No início de agosto, após a constatação de que o primeiro mês de seleção do programa supriu menos de 15% da demanda por médicos, o ministro Alexandre Padilha (Saúde) afirmou que o país faria acordos internacionais para alavancar as inscrições no programa.

O acordo com Cuba é o primeiro a ser fechado pelo ministério. Será intermediado pela OPAS (braço da Organização Mundial da Saúde para as Américas), modalidade de acordo nova para os cubanos, que têm parcerias para o envio de médicos com outros países.

Segundo informou o Ministério da Saúde na quarta-feira (21), eles não poderão escolher as cidades em que vão atuar: os primeiros 400 serão direcionados para 701 municípios que não foram escolhidos por nenhum profissional na primeira etapa do programa, 84% deles no Norte e no Nordeste do país.

Os que vierem nos próximos meses serão sempre distribuídos em cidades onde há sobra de vagas. A prioridade no programa continuará sendo dada a médicos brasileiros; em seguida aos formados no exterior e, por fim, aos cubanos.

A previsão é que o primeiro grupo de profissionais de Cuba chegue ao Brasil até a próxima segunda-feira (26) e participe, junto com os demais médicos já selecionados no programa, de uma avaliação que vai durar três semanas. Qualquer um desses médicos, sejam brasileiros ou estrangeiros, pode ser desclassificado se for reprovado nas avaliações, feitas por universidades públicas.

Editoria de arte/Folhapress

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