Folha de S. Paulo


Mais Médicos dará tablets a profissionais participantes do projeto

O Mais Médicos vai distribuir tablets para os médicos participantes do programa federal, sejam brasileiros ou estrangeiros, e seus supervisores.

A ideia é que o gadget sirva de ligação entre os médicos distribuídos pelo interior do país e pelas periferias, e os supervisores do programa. Também servirá para suprir os profissionais com conteúdo de saúde e português.

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O tablet terá acesso à internet por rede wireless, disponível nas unidades de saúde --e cabe ao médico custear sua internet fora do trabalho, segundo o Ministério da Saúde. No modo offline, o tablet terá um dicionário espanhol-português, portarias e protocolos da Saúde, além de outros materiais de apoio ao médico.

Ao final do programa, os dispositivos serão doados à rede de saúde das cidades participantes do programa.

CURSINHO

Na próxima segunda-feira (26), terá início o curso de três semanas para os médicos formados no exterior. As aulas vão incluir simulações de consultas e casos complexos nos postos de saúde, apresentação de filmes e oficinas com os médicos participantes.

"Teremos provas ao longo de todo esse processo", disse à Folha o secretário de Educação Superior do Ministério da Educação, Paulo Speller. A pasta é responsável pela elaboração do conteúdo das aulas de português e cultura brasileira --serão 40 horas para essa temática. As outras 80 horas serão para conhecimentos em saúde.

PORTUGUÊS

Ao longo de onze módulos, elaborados por professores de universidades federais, os estrangeiros vão aprender, por exemplo, a se apresentar em português e terão aulas mais teóricas, sobre sons de determinadas letras do alfabeto, como 'j' e 'ç'.

Está prevista ainda a exibição de cinco filmes nacionais, como o documentário "O povo brasileiro", inspirada na obra do antropólogo Darcy Ribeiro (1922-1997) e "Ilha das Flores", de Jorge Furtado.

Após o curso, "[o médico] estará preparado não para agir individualmente, mas dentro desse contexto", afirma o secretário do MEC, em referência a tutores e supervisores do programa, além de outros profissionais que atuarão com o profissional em postos de saúde. A avaliação é de que essa primeira leva de estrangeiros que chega ao país terá facilidade em aprender a língua --boa parte são argentinos, portugueses e espanhóis.

Durante o curso, os médicos receberão também informações sobre o funcionamento do SUS, instruções para preenchimentos de relatórios de atividades e detalhamento de questões trabalhistas e do código de ética médica.

PROGRAMA

O programa Mais Médicos foi lançado pelo governo federal em julho, para levar profissionais de saúde a municípios onde há falta de profissionais, especialmente nas regiões Norte e Nordeste e em periferias de grandes cidades.

Entidades médicas criticam a dispensa, no programa, do Revalida, exame federal que tem feito a revalidação dos diplomas de médicos nos últimos anos. No Mais Médicos, o governo dispensou a aprovação no exame --que reprova cerca de 90% dos candidatos-- e instituiu uma avaliação, já no Brasil, durante três semanas.

A categoria também critica a dispensa de provas específicas para avaliação do conhecimento em língua portuguesa.


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