Folha de S. Paulo


Campinas quer reativar modelo de trem que fracassou na década de 1990

A Prefeitura de Campinas (SP) planeja reativar um modelo de transporte que foi alvo de denúncias de mau uso do dinheiro público na década de 1990 e que vai interferir no plano de expansão do aeroporto de Viracopos.

O projeto foi apresentado nesta semana pela administração municipal ao Ministério das Cidades para pleitear R$ 1,7 bilhão para reativar o VLT (trem urbano) da cidade.

Ele prevê a utilização das mesmas avenidas e ruas que já constam de um plano de corredor BRT (ônibus rápido).

Em fase mais avançada, o projeto para implantação de dois corredores de ônibus deve ser licitado até o fim deste ano e já conta com R$ 339 milhões do mesmo PAC da Mobilidade Urbana que pode financiar a reativação do VLT.

O secretário municipal de Administração, Silvio Bernardin, admite "algumas imperfeições" no anteprojeto do VLT e diz que tanto o trem quanto o BRT podem ficar mais caros que o planejado.

Ele disse, no entanto, que o trajeto de 18 quilômetros do trem é "muito embrionário" e disse que "dois modais [VLT e BRT] podem conviver no mesmo leito".

Outro ponto controverso do projeto é a chegada a Viracopos pela área de expansão do aeroporto. O diretor-presidente da concessionária Aeroportos Brasil Viracopos, Luiz Alberto Küster, disse que irá adaptar o projeto ao traçado do trem. "O aeroporto pode assumir se houver custo adicional", completou.

A prefeitura disse, via assessoria, que os trajetos do BRT e do VLT terão vários trechos coincidentes, mas que um sistema irá complementar o fluxo do outro.

Para o secretário municipal de Transportes, Sérgio Benassi, o conflito de traçados "é de fácil solução". "Na hora que avançar a discussão da aprovação [do financiamento], mudamos o traçado."

Segundo ele, os corredores, com previsão de entrega no fim de 2016, já nascerão sobrecarregados. A estimativa é transportar 300 mil passageiros diariamente. Para o trem, a projeção é de 120 mil pessoas por dia.

Tanto o trem quanto o ônibus ligarão o centro da cidade a bairros carentes da região sudoeste.

ANTIGO VLT

Anunciado em 1990 pelo ex-prefeito de Campinas e então governador de SP, Orestes Quércia (PMDB), o VLT de funcionou entre 1991 e 1995 e foi abandonado após problemas como denúncias de concorrência fraudada.

Após ser inaugurado três vezes e funcionar por dois dos quatro anos sem cobrança de passagem, o VLT deixou de operar porque transportava apenas 3.000 passageiros por dia e dava prejuízo de mais de R$ 500 mil por mês.

Planejado para levar 120 mil pessoas por dia e custar US$ 50 milhões, consumiu US$ 125 milhões à época.


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