Folha de S. Paulo


Internação de dependentes químicos é controversa

O acolhimento de dependentes químicos em comunidades terapêuticas divide opiniões de especialistas em todo o mundo.

De um lado, há quem seja contra o tratamento fora de casa. Isso porque o dependente químico não estaria "doente" a ponto de precisar de uma internação e precisaria manter laços familiares
Outros, além de preferir a internação, defendem que ela seja compulsória (que aconteça mesmo contra a vontade do paciente).

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"O primeiro grande engano [do Recomeço] é que já se determina de antemão uma estratégia terapêutica fundamentada na internação", diz Dartiu Xavier da Silveira, psiquiatra da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e diretor do Proad (Programa de Orientação e Assistência a Dependentes).

De acordo com o professor, que trabalha com dependentes há 24 anos, não existe fundamentação científica para privilegiar o tratamento via internação em detrimento de um tratamento ambulatorial.

"A eficácia tende a ser maior quando o dependente é atendido ambulatorialmente por uma equipe multidisciplinar", afirma.

No Recomeço, o acolhimento é voluntário. Se a triagem na prefeitura constatar necessidade de acolhimento, o residente deve escrever uma carta concordando com os termos.

"E ele pode sair a qualquer momento", explica Cesar Rosolen Jorge, da instituição Padre Haroldo.

No dia em que a reportagem visitou o espaço, uma senhora de 80 anos pedia a internação compulsória do filho de 40, viciado em crack. "Se eu chegar em casa agora, ele vai me matar", disse.


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