Folha de S. Paulo


Policiais civis buscam corpo de Amarildo em matagal na Rocinha

Cerca de 50 policiais civis e bombeiros buscaram, na tarde desta quarta-feira (7), o corpo do ajudante de pedreiro Amarildo Souza, 43, numa localidade conhecida como Dionéia, no alto da favela da Rocinha, em São Conrado, zona sul do Rio. Segundo investigadores, uma testemunha disse à polícia que um homem com características físicas e roupas semelhantes a de Amarildo teria sido torturado por PMs da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) local e arrastado para um matagal na região, na noite do dia 14 - mesmo dia que o ajudante de pedreiro desapareceu.

Entretanto, a Polícia Civil terminou por volta das 14h as buscas pelo corpo do ajudante do pedreiro Nenhuma pista sobre o paradeiro dele foi encontrada.

Ao menos três cães farejadores ajudaram nas buscas. Por volta do meio-dia, bombeiros entraram na mata com ferramentas (pá, picareta e enxada) para escavar áreas em que o corpo possa ter sido enterrado.

O desaparecimento de Amarildo gerou uma série de protestos no Rio e em outras capitais, como São Paulo, no mês passado.

Segundo a polícia, uma das 80 câmeras instaladas na favela mostram o pedreiro entrando no carro da PM, próximo à rua 2, no interior da comunidade e seguindo para a sede da UPP.

Na noite do dia 14, um domingo, quando Amarildo desapareceu apenas duas câmeras não funcionavam na favela da Rocinha, de acordo com policiais civis. Justamente, as duas instaladas diante da sede da UPP.

A cúpula de segurança do Rio informou no final do mês passado que trabalha com a hipótese de que o pedreiro esteja morto.

Daniel Marenco/Folhapress
Elizabeth Gomes da Siva, esposa do pedreiro Amarildo Souza, morador da Rocinha, desaparecido desde 14 de julho
Elizabeth Gomes da Siva, esposa do pedreiro Amarildo Souza, morador da Rocinha, desaparecido desde 14 de julho

Segundo o delegado responsável pelo caso, Rivaldo Barbosa, da Divisão de Homicídios do Rio, uma testemunha disse que teria visto um homem semelhante a Amarildo sendo levado para um matagal no alto da favela. A suspeita é que o corpo dele estivesse enterrado próximo a uma pedra, nos arredores de uma represa, na região conhecida como Dionéia.

"Cavamos buracos de dois ou três metros, mas não encontramos nada", disse o delegado.

A polícia trabalha com duas linhas de investigação: do crime ter sido cometido por PMs e da ação do tráfico na comunidade. Até agora, 22 PMs foram ouvidos pela Polícia Civil. Um gari que teria transportado um corpo da Rocinha para um lixão no Caju na mesma semana do sumiço de Amarildo também prestou depoimento. O delegado não passou informações sobre os depoimentos.


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