Folha de S. Paulo


Moradores da favela do Moinho derrubam parte de muro para rota de fuga

Moradores da favela do Moinho, que fica sob o viaduto Orlando Murgel, no centro de São Paulo, começaram a derrubar neste domingo (4) partes de um muro de contenção construído ao redor da comunidade. A derrubada da estrutura é parte de um plano para uma rota de fuga no caso de um novo incêndio.

A favela foi atingida por dois grandes incêndios num intervalo de dez meses.

Segundo moradores, o "muro da vergonha", como é chamado por eles, foi erguido pela prefeitura após o primeiro incêndio, em 2011, sob alegação de isolar a favela para a demolição de um prédio que teve a estrutura danificada pelo fogo.

Eles dizem que a prefeitura se comprometeu a derrubá-lo, numa reunião entre representantes do município e líderes da comunidade no dia 12 de julho, embora não tenha sido estipulado um prazo. Dizem também ter uma liminar da Justiça que autoriza a derrubada do muro por questão de segurança.

A administração, porém, alega ser necessário o aval da Sabesp, Eletropaulo e do Corpo de Bombeiros por meio da subprefeitura da Sé, e diz que uma vistoria foi feita na quarta-feira (31) para estudar a abertura das rotas de fuga.

Um grupo de trabalho formado por moradores e município terá início amanhã para debater soluções para a área. Os habitantes do local reivindicam ainda um projeto participativo de urbanização, o "Plano Popular Urbanístico e Cultural da Favela do Moinho".

Haverá uma reunião às 15h desta segunda-feira (5) na favela, que contará com representantes da subprefeitura e das secretarias da Habitação, de Relações Governamentais e de Desenvolvimento Urbano.

"A ideia do grupo é tanto pensar as questões emergenciais --e derrubar o muro é só a primeira delas, depois vem luz, água e esgoto--, como as questões de urbanização definitiva para o moinho", diz o urbanista Caio Castor, 30, que apoia os moradores.

Desde 2012, após o segundo grande incêndio, na gestão Kassab, a prefeitura iniciou um processo de desocupação da área e oferece a construção de um conjunto habitacional próximo à ponte dos Remédios, na Lapa, mas que tem sido recusada por parte dos moradores.

Na época, diz a administração, foram cadastradas 810 famílias, das quais 50 % recebem auxílio moradia e aguardam moradias definitivas.

No primeiro grande incêndio, em dezembro de 2011, um terço dos barracos foram destruídos, segundo a Defesa Civil --uma área de 6.000 m². Em setembro do ano passado, o fogo consumiu 80 barracos, deixou um morto e cerca de 300 desalojados.


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