Folha de S. Paulo


Manifestante faz greve de fome no quarto dia de ocupação à Câmara de BH

A segunda ocupação da Câmara Municipal de Belo Horizonte em menos de um mês completa neste domingo (4) quatro dias com um manifestante em greve de fome e há dois dias sem receber assistência médica.

Participantes dizem que o objetivo da manifestação é pressionar pela liberação de informações sobre os custos do transporte público na capital mineira.

O rapaz em greve de fome, que se identifica como Jesus, passa o tempo sentado e deitado no chão da galeria do plenário do Legislativo municipal. Manifestantes dizem que ele tem tido febre. Chegou a desmaiar na sexta-feira (2) e foi assistido por um médico da própria Câmara.

De cabelos longos e barba, Jesus diz que encerra a greve se o presidente interino da Casa, vereador Wellington Magalhães (PTN), assinar a ata da reunião que manteve com um grupo de manifestantes na sexta-feira (2). O vereador, que não foi localizado pela reportagem neste domingo (4), se recusou a assinar o documento.

Antes dessa reunião, contudo, a greve de fome já havia sido anunciada por dois manifestantes. Ana Silva, porém, sentiu-se mal por duas vezes e voltou a se alimentar no sábado (3). O Samu chegou a ser chamado.

A mulher, que não revelou a idade, disse ter ficado 50 horas sem comer. A reportagem não conseguiu contato com representantes da Câmara para informações sobre atendimento médico aos manifestantes.

A ocupação contava com cerca de 50 pessoas na tarde deste domingo, e alternava momentos com mais e menos manifestantes.

Na ocupação anterior, que durou nove dias no começo de julho, cerca de 200 manifestantes deixaram o prédio no último dia 7 após uma comissão ter se reunido com o prefeito Marcio Lacerda (PSB) e conseguido a redução da passagem em R$ 0,15 --baixou de R$ 2,80 para R$ 2,65.

Paulo Peixoto/Folhapress
Barracas de manifestantes neste domingo (4) na área externa da Câmara Municipal de Belo Horizonte
Barracas de manifestantes neste domingo (4) na área externa da Câmara Municipal de Belo Horizonte

MANIFESTANTE TEM 'PREGUIÇA', DIZ PREFEITO

Os manifestantes querem que a prefeitura apresente sua prestação de contas de 2012, promova audiência pública prévia à elaboração do plano anual de metas, segundo prevê a Lei Orgânica municipal, e abra as planilhas do transporte coletivo para que os manifestantes possam fazer uma auditoria paralela nos dados.

No sábado (3), Lacerda foi questionado em entrevista sobre a exigência das planilhas do transporte e disse que os manifestantes da Câmara "têm preguiça de entrar na internet" para procurar dados no site da BHTrans (empresa pública de transporte).

"Nós vamos colocar um técnico da BHTrans no hall da Câmara, já combinei com o presidente [da Câmara]. E lá, com um terminal ligado à internet, ele vai mostrar para essa rapaziada os dados que eles estão pedindo. Já que eles têm preguiça de entrar na internet, vamos mostrar."

Porém, Lacerda não disse que os dados são referentes a 2008. Neste ano, ele ainda era candidato a prefeito. Somente neste ano está sendo feita auditoria para se saber o custo do transporte. O próprio prefeito já disse aos manifestantes que deverá receber os dados da consultoria contratada ao final de setembro.

Segundo a manifestante Ana Silva, os integrantes do protesto querem ter acesso aos mesmos dados franqueados à consultoria privada, para que possam elaborar seu próprio estudo. "Temos pessoas muito capacitadas para esse trabalho", disse.


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