Folha de S. Paulo


Defesa diz que condenação seria desestímulo à PM; jurados se reúnem

A advogada Ieda Ribeiro de Souza, defensora dos 25 réus que estão sendo julgados nesta semana pelo massacre do Carandiru, disse que o atual julgamento é político. Ela encerrou a tréplica do debate entre acusação e defesa por volta das 23h30.

Com o término dos debates, os jurados se reuniram na sala secreta, onde responderão a 7.300 perguntas. Os réus respondem por 73 das 111 mortes. Porém, hoje, o Ministério Público pediu a absolvição de 21 vítimas. A justificativa é que não foi possível ligar esses policiais a esses homicídios.

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Em suas duas horas de explanação aos jurados, a advogada pediu a absolvição dos acusados porque, para ela, não houve a individualização da ação. Ela disse ainda que a condenação "significa um desestímulo" para a polícia. "Não posso chamar minha família, meus meninos de assassinos", disse ao final de sua fala.

Antes dela, os promotores disseram que a condenação de 23 policiais no primeiro júri, em abril, foi elogiada pela ONU (Organização das Nações Unidas). A afirmação foi criticada pela advogada. "Esse processo está aqui até hoje porque ninguém teve coragem de dizer para a ONU 'vai te catar'. Quem manda no meu país sou eu."

Durante a sua fala, Souza apresentou dois vídeos. Um era um trecho do filme Salve Geral, que mostra como foi criado o PCC. O outro tinha trechos de reportagens que relatavam ataques contra policiais militares e crimes que chocaram a opinião pública.

Essa é a segunda etapa do julgamento do massacre. A primeira fase aconteceu em abril e resultou na condenação de 23 PMs. Apenas três policiais foram absolvidos na ocasião --sendo dois porque não haveria indícios de participação e outro que teria agido em outro andar do presídio.


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