Folha de S. Paulo


Confronto entre moradores e Guarda Municipal deixa um morto em Piracicaba (SP)

Uma pessoa morreu e pelo menos outra ficou ferida durante um confronto na noite de quinta-feira (1º) entre guardas municipais e moradores de um bairro da periferia de Piracicaba (a 160 km de SP).

O confronto ocorreu após a Guarda Municipal cumprir uma ordem de retirada de pessoas que ocupavam uma área pública de proteção permanente no bairro Bosques do Lenheiro.

Um homem de cerca de 20 anos morreu com um tiro na cabeça e uma pessoa foi ferida por disparo de bala de borracha, segundo a Polícia Civil.

Após o conflito, dois ônibus foram incendiados e uma base da Guarda Municipal foi alvejada por quatro tiros, mas ninguém ficou ferido.

A Prefeitura de Piracicaba informou que havia removido da área de proteção, ainda na manhã de quinta-feira (1º), três barracos em situação irregular, e que o local foi novamente invadido por volta das 15h30 do mesmo dia.

Em nota, a prefeitura disse que a Guarda Municipal voltou ao local e passou a ser atacada com pedras por moradores do bairro, o que motivou pedido de reforço.

A operação envolveu seis carros, seis motos e uma base móvel. O rapaz morto teria sido atropelado por uma das motos e depois atingido na cabeça por uma guarda municipal que estava em um dos carros.

Segundo o capitão Silas Romualdo, comandante da Guarda Municipal de Piracicaba, todos os guardas envolvidos na operação negaram que tenham atirado contra o rapaz.

A prefeitura diz que uma guarda civil que ocupava um dos carros "notou que havia uma pessoa caída na rua, mas não pode parar para socorrê-lo devido ao grande número de pessoas que se aproximavam para apedrejar o veículo". "Então, foi solicitado que o Samu fosse até o local para socorrer."

A Polícia Militar afirmou que só chegou ao local depois do confronto, acionada por moradores do bairro. Disse ainda que policiais foram recebidos com hostilidade e que havia "grande número de pessoas revoltosas no local", daí a necessidade de uso de munições químicas "para dispersar a turba e garantir a segurança ", afirmou a corporação em nota.

INVESTIGAÇÃO

A Prefeitura de Piracicaba também informou que todos os guardas que participaram da ação passaram por exame para verificação de resíduos de pólvora nas mãos e tiveram as armas recolhidas.

"Se houver indício que a Guarda cometeu infração disciplinar, cometeu o crime, a Ouvidoria, de posse de toda a documentação, encaminha ao jurídico do município para abertura de processo administrativo", disse o comandante da Guarda Municipal.


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