Folha de S. Paulo


Promotor diz que PM "plantou" armas para justificar massacre do Carandiru

O promotor Fernando Pereira Silva disse, durante o debate entre defesa e acusação no julgamento do caso do Carandiru, que as armas encontradas no presídio foram "plantadas" para justificar legítima defesa. De acordo com ele, é possível o ingresso de armas de fogo em um presídio, mas não 13, como o polícia disse.

De acordo com o representante de Ministério Público, as declarações dos réus são "uma farsa para justificar o injustificável". Fernando Pereira Silva foi o primeiro a falar no dia de hoje.

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Durante a manhã, ele apontou que não haviam provas de que os policiais feridos na ação foram atingidos pelos presos. Com uma fita métrica que marcava os três metros de largura do corredor do andar, por onde os policiais passaram atirando, ele indicou que os tiros dados por rajadas de metralhadoras podem ter ricocheteado e atingido os próprios PMs.

"Foi fogo amigo", disse ele, que ressaltou que um policial que participou da ação viu um colega ser atingido pelo tiro de um sargento.

Silva também exibiu por três horas projeções e documentos que comprovam, segundo ele, a existência de um massacre, naquele 2 de outubro de 1992. O promotor afirmou aos jurados que 45 das 52 vítimas que teriam sido mortas pelos policiais julgados levaram três ou mais disparos e 47 tinham ferimentos na cabeça e no pescoço. "Será que [o episódio] aconteceu do jeito que eles falaram ou será que eles mentiram?"

No período da tarde foi a vez da advogada de defesa explanar aos jurados. Ieda Ribeiro tentou desqualificar os laudos dos peritos feito à época e apresentados durante o julgamento desta semana.

Na opinião da defensora, os documentos "deixaram a desejar". "O perito que veio aqui arrolado como testemunha da acusação está sendo processado por ter fraudado um concurso público.", disse.

A expectativa é que a sentença saia entre a noite desta sexta-feira (2) e a madrugada de sábado (3).


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