Folha de S. Paulo


Promotor exclui 21 mortes da acusação contra PMs do Carandiru

O promotor Fernando Pereira Silva, responsável pela acusação no julgamento do episódio conhecido como massacre do Carandiru, pediu para retirar 21 mortes da acusação contra os 25 policiais militares da Rota, réus neste júri.

Agora, o promotor pede a condenação dos PMs pelo assassinato de 52 detentos. Até o início do julgamento, eles eram acusados de serem responsáveis por 73 mortes.

De acordo com a Promotoria, 14 desses 73 detentos estavam no corredor do lado direito do segundo andar. Portanto, não poderiam ter sido mortos por esses PMs. Esse local, segundo o promotor, foi invadido por policiais de batalhões do Choque.

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Outros sete presos foram encontrados em escadas e corredores por onde os PMs da Rota também não passaram.

"Eles entraram no corredor do lado esquerdo e violentamente massacraram os presos que estavam lá", disse o promotor.

Nesta sexta-feira, o julgamento recomeçou com a fase de debates entre defesa e acusação. Cada parte terá três horas para apresentar sua tese.

Após essa fase, cada um poderá apresentar a réplica, por duas horas. Na sequência, os sete jurados se reúnem em uma sala secreta e decidem se os 25 policiais são responsáveis por 52 das 111 mortes no Carandiru.

Ontem, os promotores também apresentaram, por 37 minutos, uma série de reportagens sobre os 111 homicídios no presídio assim como reportagens televisivas que mostram a violência da PM.

Já a defesa apresentou um vídeo de 35 minutos exaltando a atuação da Polícia Militar, depoimentos dizendo que não houve massacre no Carandiru e, entre outros, o discurso de um ex-comandante-geral da PM, o coronel Roberval França.

Ele saiu do cargo em outubro do ano passado, dias após o então secretário da Segurança Pública, Antonio Ferreira Pinto, ser demitido por conta das seguidas altas dos homicídios no Estado.

A acusação e a defesa dispensaram a leitura dos documentos que estava prevista para ontem.

A primeira fase aconteceu em abril e resultou na condenação de 23 PMs. Apenas três policiais foram absolvidos na ocasião --sendo dois porque não haveria indícios de participação e outro que teria agido em outro andar do presídio.


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