Folha de S. Paulo


Júri do Carandiru recomeça com depoimento de ex-tenente da Rota

O quarto dia da segunda fase do julgamento do episódio conhecido como massacre do Carandiru recomeçou com o depoimento do tenente-coronel da Polícia Militar Salvador Modesto Madia. Em 1992, ele era tenente da Rota.

Madia será o último réu a ser ouvido no júri que começou na segunda-feira. O julgamento decidirá o futuro dos policiais acusados pelo maior número de mortes no massacre de 1992: 73 dos 111 detentos.

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Na madrugada desta quinta-feira, ainda durante o terceiro dia de júri, o tentente-coronel Carlos Alberto dos Santos afirmou que "é humanamente impossível matar 73 pessoas em 15 minutos de operação. Não sei por que estamos sendo acusados disso".

"Nosso acesso ao pavilhão estava muito prejudicado. Havia muitas barricadas montadas pelos presos. Gritávamos para que os presos jogassem as armas no chão e entrassem nas celas", disse o tentente-coronel.

Após Carlos Alberto, o júri ouviu o depoimento do tenente Edson Pereira Campos. Em sua fala, o réu relatou detalhes do momento da invasão: "tinha certeza que todos nós morreríamos ali. Eu estava com muito medo".

Campos também afirmou que os policiais foram alvos de disparos. "Meu escudo foi atingido por um projétil, mas o equipamento evitou que os PMs fossem atingidos."

Essa é a segunda fase do julgamento. A primeira aconteceu em abril e resultou na condenação de 23 PMs. Apenas três policiais foram absolvidos na ocasião --sendo dois porque não haveria indícios de participação e outro que teria agido em outro andar do presídio.

Os 25 que estão sendo julgados nesta semana eram da Rota. Inicialmente, foi informado que seriam 26 acusados julgados nessa segunda etapa do júri, mas o Tribunal de Justiça corrigiu a informação e afirmou que um acusado morreu antes do julgamento.


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