Folha de S. Paulo


'Presos efetuaram disparos contra a tropa', diz major sobre Carandiru

O major Marcelo Gonzales Marques afirmou durante o julgamento sobre o massacre do Carandiru que os presos fizeram disparos de armas de fogo contra os policiais durante a invasão que ocorreu após uma rebelião em 1992. Ao todo, 111 detentos foram mortos na ocasião.

"O diretor do Carandiru disse que não havia mais como controlar a situação e que a PM teria que agir rapidamente (...) Nós gritávamos para eles largarem as armas e entrarem nas celas, mas eles efetuaram disparos contra a tropa", contou o major durante depoimento.

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Ele afirmou ainda que ocorreram três confronto no interior do presídio. No último, ele teria sido atingido por uma facada. "No confronto conosco, imagino que foram feridos uns 15 detentos (...) Eu não vi nenhum policial efetuando disparos contra presos dentro das celas", completou ele.

O depoimento de Marques ainda aconteceu por volta das 22h40. Antes deles falou o coronel Valter Mendonça havia se manifestado, que na época era capitão da Rota (tropa de elite da PM) e responsável por coordenar a ação.

Os outros 18 policiais militares acusados preferiram não se pronunciar durante o interrogatório. Na época dos fatos, todos eram praças (soldados, cabos ou sargentos), ou seja, nenhum deles tinha poder de decidir o que seria feito pela tropa.

A estratégia da defesa dos policiais é deixar apenas os oficiais falarem. Eram eles quem, teoricamente, tomavam as decisões e definiam quais seriam os movimentos dos policiais que entraram no Carandiru para debelar um tumulto em 2 de outubro de 1992.

Essa é a segunda fase do julgamento. A primeira aconteceu em abril e resultou na condenação de 23 PMs. Apenas três policiais foram absolvidos na ocasião --sendo dois porque não haveria indícios de participação e outro que teria agido em outro andar do presídio.

Os 25 que estão sendo julgados nesta semana eram da Rota. Inicialmente, foi informado que seriam 26 acusados julgados nessa segunda etapa do júri, mas o Tribunal de Justiça corrigiu a informação e afirmou que um acusado morreu antes do julgamento.


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