Folha de S. Paulo


PMs decidem ficar calados durante júri sobre o massacre do Carandiru

Terminou no início da noite desta quarta-feira as oitivas de 18 policiais militares acusados de participação no massacre do Carandiru. Questionados pelos promotores e pelo juiz, nenhum dos réus quis se manifestar.

Na época dos fatos, todos eram praças (soldados, cabos ou sargentos), ou seja, nenhum deles tinha poder de decidir o que seria feito pela tropa.

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Até as 18h10, apenas o coronel Valter Mendonça havia se manifestado. Na ocasião do crime, Mendonça era capitão da Rota (tropa de elite da PM) e responsável por coordenar a ação no segundo andar do pavilhão nove do Carandiru, onde morreram 73 dos 111 presos.

Nas próximas horas deverão ser ouvidas outros três acusados. São elas: o tentente-coronel Carlos Alberto dos Santos, o tenente-coronel Salvador Modesto Madia e o major Marcelo Gonzales Marques.

A estratégia da defesa dos policiais é deixar apenas os oficiais falarem. Eram eles quem, teoricamente, tomavam as decisões e definiam quais seriam os movimentos dos policiais que entraram no Carandiru para debelar um tumulto em 2 de outubro de 1992.

Essa é a segunda fase do julgamento. A primeira aconteceu em abril e resultou na condenação de 23 PMs. Apenas três policiais foram absolvidos na ocasião --sendo dois porque não haveria indícios de participação e outro que teria agido em outro andar do presídio.

Os 25 que estão sendo julgados nesta semana eram da Rota. Inicialmente, foi informado que seriam 26 acusados julgados nessa segunda etapa do júri, mas o Tribunal de Justiça corrigiu a informação e afirmou que um acusado morreu antes do julgamento.


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