Folha de S. Paulo


Coronel que comandou tropa no Carandiru admite despreparo da PM no caso

O coronel Valter Alves de Mendonça, comandante responsável pela tropa que entrou no segundo andar do presídio do Carandiru em 1992, admitiu que sua equipe não tinha treinamento específico para atuar em situações como aquela. Ele foi o primeiro a ser ouvido pelos jurados no terceiro dia do julgamento do caso.

"Minha tropa não tinha treinamento específico para entrar em presídios, mas elaboramos um plano de ação antes da invasão", disse o policial diante do júri. De acordo com Valter de Mendonça, ele tinha a autorização da Secretaria de Segurança Pública e quando eles chegaram ao segundo andar foram recebidos a tiros.

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"Houve troca de tiros com indivíduos que estavam no fundo do corredor. Nós gritávamos para eles entrarem na cela. Vimos muitos clarões de estampidos vindo na nossa direção. Tivemos que revidar", disse o coronel.

O terceiro dia de julgamento dos réus do caso conhecido como massacre do Carandiru começou por volta das 11h50. Estão previstos o testemunho de cinco pessoas na audiência desta quarta-feira (31).

Nesta segunda etapa do júri, estão sendo julgados 25 policiais militares. Inicialmente, foi informado que eram 26, mas o Tribunal de Justiça corrigiu a informação e afirmou que um dos acusados morreu antes do julgamento. Dois réus não compareceram porque estão doentes.

Os PM são acusados de matar 73 detentos que estavam no segundo andar do presídio. Ao todo, 111 presos foram mortos durante o massacre, logo após uma rebelião.

Na primeira etapa, em abril, foram julgados outros 26 PMs, sendo que 23 foram condenados a mais de 150 anos de prisão. Três deles foram absolvidos a pedido do Ministério Público. Dois porque não havia indícios da participação deles no massacre e um porque teria agido em outros andares do presídio.


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