Folha de S. Paulo


Armas de fogo foram apreendidas com presos, diz testemunha do Carandiru

O último vídeo a ser transmitido nesse segundo dia de júri do massacre do Carandiru foi de San Juan França, que era juiz da Vara das Execuções Criminais de São Paulo em 1992. Ele afirmou que ficou "impressionado com a enorme quantidade de armas de fogo que foi apreendida com os detentos".

Após o depoimento dele, a sessão desta terça-feira foi encerrada. Com isso, o julgamento deve ser retomado apenas às 10h de quarta-feira.

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A declaração de França foi feita em abril deste ano, na primeira etapa do julgamento do massacre, e transmitida novamente no plenário do Fórum da Barra Funda (zona oeste). Foi veiculado também o vídeo do depoimento do desembargador Ivo de Almeida, que atuava como corregedor dos presídios na ocasião.

Antes da transmissão do depoimento de Almeida, já tinham sido ouvidos o ex-governador Luiz Antonio Fleury Filho, o ex-secretário Pedro Campos e duas testemunhas protegidas.

Durante o depoimento das testemunhas sigilosas, os jornalistas e o restante do público foram retirados da sala. A imprensa pediu acesso ao conteúdo do que essas testemunhas disseram, mas o juiz Rodrigo Tellini de Aguirre Camargo se recusou a passar, pois disse que eles poderiam ser reconhecidos pelo que disseram.

Nessa segunda etapa do júri, estão sendo julgados 25 policiais militares. Inicialmente, foi informado que eram 26, mas o Tribunal de Justiça corrigiu a informação e afirmou que um dos acusados morreu antes do julgamento. Dois réus não compareceram porque estão doentes.

Os PMs julgados nessa segunda etapa são acusados de matar 73 detentos que estavam no segundo andar do presídio. Ao todo, 111 presos foram mortos durante o massacre, logo após uma rebelião.

Na primeira etapa, em abril, foram julgados outros 26 PMs, sendo que 23 foram condenados a mais de 150 anos de prisão. Três deles foram absolvidos a pedido do Ministério Público. Dois porque não havia indícios da participação deles no massacre e um porque teria agido em outros andares do presídio.

Editoria de arte/Folhapress

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