Folha de S. Paulo


Ex-governador deve depor no 2º dia de júri do massacre do Carandiru

Terminou por volta da 0h desta terça-feira o primeiro dia de julgamento de 26 policiais militares acusados de matar 73 dos 111 presos mortos no massacre do Carandiru, em 1992. Essa é a segunda etapa do júri, que foi dividido em quatro. Em abril, 23 PMs já tinham sido condenados a mais de 150 anos de prisão.

O julgamento deve ser retomado por volta das 10h de terça-feira. Nesse segundo dia, quatro testemunhas da defesa deverão ser ouvidas. Entre elas, estão o governador de São Paulo na época do massacre, Luiz Antônio Fleury Filho, e o secretário da Segurança Pública dele, Pedro Franco de Campos.

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Além disso, também deverão ser exibidos nesta terça-feira dois vídeos de gravações feitas durante a primeira etapa do julgamento. Outros três vídeos já foram apresentados aos jurados no primeiro dia de júri. Entre eles, o do diretor de disciplina da penitenciária, Moacir dos Santos, e de dois sobreviventes do massacre.

Antes da apresentação dos vídeos, foi ouvido nesta segunda-feira o perito criminal Osvaldo Negrini Neto, que voltou a afirmar que não havia indícios de confronto entre presos e policiais militares no interior do Pavilhão 9.

"Não há nenhuma prova técnica que possa amparar uma visão [de que os presos haviam atirado de dentro das celas para os policiais]. Se fosse assim, as paredes [dos corredores] estariam repletas de tiros e haveria cadáveres de policiais mortos", afirmou.

Ele afirmou ainda que no dia da entrada da PM no Carandiru viu um "mar de sangue". "Voltei com o sapato encharcado de sangue, com a meia molhada. Toda a roupa que usei no dia foi para o lixo", afirmou.

Editoria de arte/Folhapress

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