Folha de S. Paulo


'Fomos brutalmente espancados', diz sobrevivente do Carandiru

Um dos sobreviventes do massacre que terminou com a morte de 111 presos na penitenciária do Carandiru, ocorrido em 1992, afirmou que os policiais envolvidos na ação atiraram contra os detentos após o término da rebelião que ocorreu no local.

"Fomos brutalmente espancados. Havia corpos amontoados. Eles nos espetavam com facas e os que caíam eram baleados", contou o sobrevivente Antônio Carlos Dias em um vídeo apresentado aos jurados. A declaração foi gravada na primeira parte do julgamento, ocorrida em abril deste ano.

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Ao todo, serão apresentados três vídeos de testemunhas da primeira etapa do júri. Naquela ocasião, foram julgados 26 policiais militares, sendo que 23 deles foram condenados a mais de 150 anos de prisão.

Nesse segundo bloco de julgamento, estão sendo julgados 26 policiais que teriam agido no segundo andar da penitenciária, onde, segundo a acusação, foram mortos 73 detentos. A decisão do júri será tomada por sete homens que compõem o corpo de jurados.

Antes da apresentação dos vídeos, foi ouvido o perito criminal Osvaldo Negrini Neto, que voltou a afirmar que não havia indícios de confronto entre presos e policiais militares no interior do Pavilhão 9.

"Não há nenhuma prova técnica que possa amparar uma visão [de que os presos haviam atirado de dentro das celas para os policiais]. Se fosse assim, as paredes [dos corredores] estariam repletas de tiros e haveria cadáveres de policiais mortos", afirmou.

Ele afirmou ainda que no dia da entrada da PM no Carandiru viu um "mar de sangue". "Voltei com o sapato encharcado de sangue, com a meia molhada. Toda a roupa que usei no dia foi para o lixo", afirmou.

Editoria de arte/Folhapress

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