Folha de S. Paulo


Em apoio a ato contra Cabral, moradora do Leblon consegue pizza para manifestantes

Uma moradora de uma rua vizinha à do governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, conseguiu que uma tradicional pizzaria do Rio doasse uma pizza para os manifestantes que estão no Leblon (zona sul) na noite deste domingo (28). Ela agora quer buscar um patrocínio fixo para o grupo.

Por volta das 23h30, cerca de 50 pessoas se reuniam na esquina da Arístides Espínola, rua aonde mora Cabral, com a avenida da orla, a Delfim Moreira, no Leblon. A via da orla estava bloqueada em um dos dois sentidos. O ato era pacífico.

"Apoio a causa deles e quis tentar ajudá-los de alguma forma. Como conheço um dos donos da pizzaria, fui lá pedir o patrocínio", afirmou à Folha ela, que preferiu não ter o nome divulgado.

O gerente da pizzaria Guanabara, Elcio Pereira, disse que o restaurante não irá patrocinar o grupo de forma permanente. "Demos uma pizza por uma questão humanitária, mas somos neutros nessa causa."

A moradora do Leblon se diz insatisfeita com o governo de Cabral. "Além disso, me incomoda que ele feche a rua com grades. Isso perturba os moradores", afirmou ela.

Nos atos que ocorrerem contra o seu governo, como o desta noite, são colocadas grades que bloqueiam a passagem de carros e pedestres em um quarteirão da via. Só é permitida a passagem de moradores.

Na noite deste domingo, além das grades e de alguns policiais, havia no local duas viaturas da PM e quatro do Batalhão de Choque.

Ainda ontem, o enfermeiro Raul Uderman, 21, reclamava porque teria tido uma tesoura confiscada por policiais.

"Eu avisei que estava com a tesoura, porque ando com material caso alguém precise de auxílio, e a tomaram de mim alegando que é uma arma branca. Eu sei que é, mas estou usando para cortar esparadrapo."

O morador da Rocinha, Jefferson Cruz, 19, disse que pretende passar a noite no local. "Vou buscar alguns cobertores daqui a pouco e vamos ficar aqui."

O estudante falou que alguns moradores da comunidade pretendem se juntar aos manifestantes amanhã, por volta das 18h. Além de protestarem contra Cabral, eles reclamam do desaparecimento de um morador da Rocinha, o pedreiro Amarildo de Souza, 47.

Souza foi visto pela última vez ao entrar em uma UPP (Unidade de Polícia Pacificadora).


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