Folha de S. Paulo


Justiça libera mais 3 policiais suspeitos de extorquir traficantes

Mais três policiais civis investigados pelo Ministério Público de São Paulo por suspeita de extorsão a traficantes de Campinas (a 93 km de São Paulo) ligados ao PCC (Primeiro Comando da Capital) serão soltos nesta quarta-feira (24).

Rodrigo De Longhi de Mello, policial do Denarc (departamento de narcóticos), já foi liberado, segundo a SSP (Seecretaria de Segurança Pública) do Estado. Dois investigadores da Polícia Civil de Campinas serão soltos à meia-noite, segundo o advogado deles, Ralph Tórtima Sttetinger Filho.

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Segundo o promotor Ricardo Schade, uma das testemunhas que fizeram o reconhecimento dos policiais do Denarc titubeou nesta terça (23) na hora de confirmar o envolvido de Mello nos supostos crimes.

"Como o Ministério Público trabalha com 100% de certeza, por cautela, decidimos pedir a soltura desse policial", disse.

A operação desencadeada na segunda-feira (15) da semana passada resulta de investigação iniciada em outubro de 2012 contra Wanderson Nilton Paula Lima, conhecido como Andinho, traficante da região de Campinas preso desde 2002. Segundo as investigações, Andinho ainda comanda o tráfico na região.

Escutas telefônicas realizadas durante as apurações levaram à identificação dos policiais, segundo o Ministério Público. Eles são suspeitos dos crimes de formação de quadrilha, extorsão, extorsão mediante sequestro e corrupção.

O delegado Clemente Castilhone Júnior, ex-chefe da inteligência do Denarc, que também chegou a ser detido sob suspeita de vazar informações da investigação, também foi liberado. Sua soltura teve aval do Ministério Público, que considerou suficiente o depoimento dado pelo delegado e descartou seu envolvimento com os traficantes.

INVESTIGADORES DE CAMPINAS

Mark de Castro Pestana e Renato Peixeiro Pinto, investigadores do 10º DP de Campinas detidos por supostamente cobrarem propina de traficantes, serão liberados pois a prisão temporária de ambos vence à meia-noite e os promotores do Gaeco não pediram a prisão temporária dos policiais civis.

Dos 13 mandados de prisão temporária expedidos pela Justiça no último dia 15, quando a operação foi deflagrada, os 11 referentes a policiais do Denarc eram de 30 dias e os dois para os investigadores do 10º DP eram de cinco dias (prazo que foi renovado por mais cinco dias).

A diferença de prazo ocorreu porque os promotores do Gaeco avaliam que os supostos crimes cometidos por Pestana e Pinto não têm relação com o esquema do Denarc e são menos graves.

Por recomendação da defesa, os investigadores de Campinas se recusaram por duas vezes a prestar depoimentos aos promotores e a se submeter ao reconhecimento feito nesta terça (23) pelas supostas vítimas na sede do Ministério Público estadual na cidade.

Ralph Sttetinger Filho, advogado de ambos os policiais, apontou falhas de procedimento no reconhecimento feito pelo Gaeco --que chamou de "hilário"-- e disse que os promotores queriam usar as prisões como "instrumento de coação". "A inconformidade com as ilegalidades no curso das investigações levou à postura do silêncio."

RECONHECIMENTO

Seis policiais do Denarc suspeitos foram reconhecidos por cinco supostos traficantes que estão detidos e três vítimas, informou o Ministério Público.

Apenas Mello não foi reconhecido, mas os promotores fizeram questão de ressaltar que isso não significa que ele não tenha envolvimento com o suposto esquema de extorsão montado por policiais do Denarc.

Entre os reconhecidos está Fábio Alcântara, delegado da 3º Deap (Delegacia de Apoio) do Denarc. Seu advogado, Márcio Sayeg, diz que ele é inocente. "Eles [os detidos] reconhecem o Fábio como o delegado do Denarc que presidiu os flagrantes. Mais nada. O Fábio é inocente."

Dos 13 policiais indiciados, três continuam foragidos: Daniel Dreyer Bazzan, Leonel Rodrigues Santos e Silvio Cesar de Carvalho Videira.


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