Folha de S. Paulo


Justiça arquiva processo de queda de helicóptero do dono da Delta na Bahia

Dois anos após o acidente, a Justiça da Bahia decidiu arquivar o processo sobre a queda de um helicóptero do empresário Fernando Cavendish, dono da construtora Delta, que matou sete pessoas no litoral sul do Estado, entre elas a namorada do filho do governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB).

A aeronave saiu de Porto Seguro (687 km de Salvador) rumo a um resort no distrito de Trancoso, em 17 de junho de 2011, e voltaria para transportar Cabral e Cavendish.

O juiz do caso, André Marcelo Strogenski, afirmou à Folha que o processo foi extinto nesta terça-feira (17) porque o único responsável pelo acidente segundo o inquérito policial, o piloto Marcelo Mattoso Almeida, também morreu. "Com isso, houve a chamada impunibilidade. Não tinha mais o que fazer, não me pronunciei sobre o fato", disse.

Joá Souza/Ag. A Tarde/Folhapress
Pescador retira do mar destroços do helicóptero de Fernando Cavendish que caiu próximo à praia de Itapororoca, em Caraíva (BA)
Pescador retira do mar destroços do helicóptero de Fernando Cavendish que caiu próximo à praia de Itapororoca, em Caraíva (BA)

As viagens do governador com o empresário, que possuía contratos com o Estado até a deflagração de uma operação da Polícia Federal, chegaram a ser apuradas pelo Ministério Público do Rio.

Cavendish ganhou notoriedade durante as investigações que envolveram o empresário do jogo Carlos Cachoeira. De acordo com a PF, recursos da empreiteira abasteciam o esquema.

Naquele que seria o primeiro deslocamento do helicóptero ao hotel de luxo, só havia mulheres e crianças.

Além do piloto, morreram a mulher de Cavendish, Jordana Kfuri Soares, 31; seu filho Luca Kfuri de Magalhães Lins, 3; Fernanda Kfuri, 35, irmã de Jordana; e Gabriel Kfuri Gouveia, 2, filho de Fernanda; além da namorada de um dos filhos de Cabral, Mariana Noleto, 20, a babá Norma Batista de Assunção.

Agora, conforme o juiz, as famílias das vítimas podem pedir indenização ao espólio do piloto e à União, por falta de fiscalização dos órgãos competentes --a licença de voo de Marcelo Almeida estava vencida desde julho de 2005, segundo a Anac.

A Capitania dos Portos informou que havia chuva e neblina do momento do acidente. O helicóptero era um modelo Esquilo, prefixo PR-OMO, e o governador do Rio emitiu nota oficial, na época, dizendo que a namorada do filho Marco Antônio "fez parte de nossa família durante sete anos" e que "trará sempre à lembrança todo o seu encantamento". (NELSON BARROS NETO)


Endereço da página: