Folha de S. Paulo


Médicos protestam no centro do Rio contra medidas do governo

Cerca de cem médicos se reúnem no fim da tarde desta terça-feira, no Rio, para protestar contra o programa Mais Médicos, lançado neste mês pelo governo federal. A concentração ocorre na praça da Cinelândia, no centro da cidade. A mobilização da categoria está prevista para ocorrer também em outros Estados do país.

Com jalecos brancos, os profissionais seguram cartazes com frases como: "Médicos estrangeiros não. Padrão Fifa para os médicos do Brasil" e "Médicos e pacientes, ambos são vítimas do sistema".

Protesto de profissionais da saúde interdita vias do centro de SP

O programa prevê a ampliação da graduação de medicina em dois anos e permite a entrada de médicos estrangeiros sem a revalidação do diploma para atuar no país.

Pela proposta do governo, quem entrar na faculdade de medicina a partir de 2015 terá que trabalhar dois anos na atenção básica da rede pública após cursar os atuais seis anos da graduação. Apenas após esses oito anos, o profissional terá o registro permanente de médico e poderá dar plantões e abrir consultório.

Márcia Rosa, presidente do Cremerj (Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro), afirma que "as mudanças colocam em risco a saúde da população, especialmente daqueles que têm mais necessidade de acesso, que utilizam o SUS (Sistema Único de Saúde)".

"Isso é apenas uma nuvem de fumaça para esconder o real problema", afirma. Ela cita a precariedade de condições de trabalho nos hospitais e falta de equipamentos.

José Romano, diretor do Sindicato dos Médicos do Rio de Janeiro, afirma que a medida do governo é um equívoco. "São mudanças que serão prejudiciais à saúde dos brasileiros".

Para a residente em ginecologia de um hospital municipal do Rio, Giselle Santil, o governo não valoriza os médicos brasileiros. Ela é contrária à chegada de médicos de outros países sem que seja feita uma revalidação do diploma.

"Querem dar um serviço de saúde precário para a população. O que precisamos é de estrutura nos hospitais", afirma.

Giselle disse que tinha duas cirurgias marcadas hoje no hospital aonde atende, mas que foram canceladas pela ausência de técnicos. "São pacientes com câncer de mama, que não foram atendidas porque não há técnicos suficientes."


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