Folha de S. Paulo


OAB acusa polícia de torturar suspeitos de estupro no Paraná

A OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) acusa a polícia do Paraná de torturar quatro rapazes para que confessassem o estupro e homicídio de uma adolescente.

Os quatro são acusados da morte de Tayná Adriane da Silva, 14, cujo corpo foi encontrado próximo ao parque de diversões em que trabalhavam, em Colombo (região metropolitana de Curitiba).

Os quatro confessaram o crime, segundo a polícia, e foram indiciados. O parque foi destruído por moradores.

Reprodução/RPC TV
Tayná da Silva, 14, foi estuprada e morta
Tayná da Silva, 14, foi estuprada e morta

No início desta semana, um laudo do Instituto de Criminalística apontou que o sêmen achado no corpo não pertencia aos presos.

O presidente da OAB-PR, Juliano Breda, visitou os suspeitos, junto com outros advogados da instituição, e diz que há "provas inequívocas" de que eles foram agredidos.
"Não há dúvida alguma. Os relatos e as lesões são realmente impressionantes", diz.

Para o advogado dos quatro, Roberto de Moura Junior, a tortura invalida a confissão. "Todos eles foram vítimas de tortura para confessar um crime que não cometeram."

Breda, porém, ressalta que não considera a tortura um atestado de inocência. "Se foram eles ou não [os culpados], caberá à polícia e ao Ministério Público investigar."

Os rapazes, com idades entre 22 e 25 anos, disseram que foram torturados por vários dias, mesmo após a confissão, em quatro delegacias e numa casa de custódia.

Um dos suspeitos está no Complexo Médico Penal, com suspeita de perfuração de órgãos abdominais.

O Ministério Público abriu apuração sobre a denúncia. A investigação sobre a morte de Tayná foi reaberta após divulgação do laudo sobre o sêmen. Um novo delegado foi designado para o caso.

OUTRO LADO

A Secretaria de Segurança Pública do Paraná informou que irá apurar as denúncias sobre prática de tortura. A pasta disse ter designado um delegado para apurar as "possíveis violências".

Ontem, a polícia afastou temporariamente os delegados Silvan Pereira, que estava à frente da delegacia de Colombo, e Agenor Salgado Filho, da Divisão de Polícia Metropolitana.
Eles serão designados para outras funções.

A Polícia Civil declarou, em nota, que "o interesse da instituição é que a verdade seja esclarecida".


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