Folha de S. Paulo


Sindicatos fazem paralisações e bloqueios em rodovias de todos os Estados

Todos os Estados brasileiros registram nesta quinta-feira (11) paralisações em fábricas e agências bancárias, bloqueios em estradas e manifestações de rua. Os atos fazem parte do "Dia Nacional de Lutas" e são organizados por centrais sindicais como CUT, Força Sindical, Conlutas e UGT.

Os protestos são espalhados e reúnem um número menor de pessoas do que nos atos registrados em junho pelo país.

Por volta do meio-dia, ao menos 20 rodovias em dez Estados ainda permaneciam fechadas. Escolas e universidades também tiveram aulas suspensas em alguns locais.

Porto Alegre e Belo Horizonte estão entre as cidades que mais sentiram o impacto das paralisações.

Nesta quinta-feira, Porto Alegre amanheceu em clima de feriado. Entre as 8 e 9h, avenidas como a Protásio Alves e Osvaldo Aranha, geralmente congestionadas neste horário, tinham poucos carros circulando.

Muitas lojas do centro da cidade não abriram e quem precisou de transporte público só conseguiu usar táxi ou lotação.

Impedidos de deixar as garagens por sindicalistas, os ônibus não circularam. Os trens que ligam cidades da região metropolitana a Porto Alegre deveriam funcionar pela manhã das 5h30 às 8h30, mas foram fechados às 7h30, devido a atos de vandalismo.

A Trensurb (empresa de trens urbanos) informou que um grupo invadiu trilhos impedindo trens de passar na Estação Aeroporto. Também houve apedrejamentos de composições nos municípios de Esteio e Canoas. Ninguém se feriu.

A Estação Rodoviária está fechada desde as 4h, impedindo o fluxo intermunicipal de passageiros.

O Sindicato dos Bancários do RS (Sindibancários) aderiu à mobilização, assim como os trabalhadores dos Correios.

Escolas municipais e estaduais e grande parte das privadas fecharam, assim como algumas das principais universidades, como PUCRS, Ulbra e Unisinos. O campus da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) estava às moscas pela manhã.

Estão programadas doze marchas pela cidade, partindo dos mais diversos pontos, mas a maior deve realizar um ato no Largo Glênio Peres, às 16h, no centro da cidade.

Como precaução, alguns lojistas não abriram as portas e cobriram as vidraças com tapumes.

O diretor-presidente da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), Vanderlei Cappellari, estima que o trânsito da cidade esteja com 2% do fluxo de um dia de semana comum. "A cidade está vazia", disse.

A paralisação também afetou o trânsito em outras cidades. Em Belo Horizonte, o sistema de transporte público na cidade amanheceu parado. Todas as estações de metrô foram fechadas. Os ônibus também não conseguem circular por causa de piquetes nas saídas das garagens.

O trem de passageiros da Vale, que faz a viagem de Belo Horizonte até Vitória, também não saiu na manhã desta quinta-feira.

A previsão é que a paralisação na cidade continue até o fim do dia. Manifestantes começam a chegar à praça Sete, no centro, para a concentração para uma passeata que sairá no começo da tarde. As duas pistas da avenida Afonso Pena, uma das principais da cidade, foram fechadas.

Editoria de Arte/Folhapress

SÃO PAULO

Na cidade de São Paulo, os protestos fecharam avenidas importantes da cidade, como Radial Leste, Paulista, Vinte e Três de Maio, Jacú Pêssego e marginais Tietê e Pinheiros.

Na zona sul da cidade, um protesto com cerca de cinco mil trabalhadores de 35 metalúrgicas da região transformou-se em um ato contra a presidente Dilma Rousseff.

Enquanto caminhava, o grupo repetia xingamentos à presidente. "Eu quero mandar aquele recadinho de novo para nossa querida Dilma", disse o diretor José Silva, incitando os trabalhadores a cantar "1,2,3, 4,5 mil, eu quero que a Dilma vá..."

O deputado Paulo Pereira da Silva (PDT), presidente da Força Sindical, disse que vai convocar os trabalhadores para uma greve geral no país.

Já na rua 25 de Março, no centro, 300 comerciários fizeram uma passeata, que, mais tarde, chegou à avenida Paulista. Lojistas fecharam o comércio por cerca de uma hora no mais importante centro do comércio popular da capital paulista.

Avenidas da zona leste, como Jacú Pêssego, Celso Garcia e Radial Leste também tiveram bloqueios durante a manhã.

Mesmo com diversos bloqueios na cidade, a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) registrava, às 9h20, apenas 9 km de congestionamentos na capital.

A CET ainda não tem uma explicação oficial para o trânsito tranquilo na cidade em pleno horário de pico e com manifestações em diversas vias. "Nem em feriado é assim", disse um funcionário da companhia.

O número representava 1,3% dos 868 km de vias monitoradas --índice bastante abaixo da média para o horário, que é de 11%.

Editoria de Arte/Folhapress

OUTROS ESTADOS

Em Manaus, cerca de 40% da frota de ônibus do transporte público está parada. No distrito industrial da Zona Franca de Manaus, os operários bloquearam vias de acesso às fábricas, o que provocou atrasos.

No Paraná, as manifestações são lideradas por metalúrgicos das principais fábricas do Estado, como Renault, Volvo e Volkswagen, que paralisaram suas atividades. Segundo o sindicato da categoria, cerca de 10 mil metalúrgicos aderiram ao movimento.

Praças de pedágio no interior do Estado também foram ocupadas por manifestantes.

Em Curitiba, o Hospital de Clínicas paralisou o atendimento a novos pacientes desde as 6h. Apenas urgências, emergências e pacientes que já estão internados recebem atendimento. Professores e servidores da UFPR (Universidade Federal do Paraná) também cancelaram as atividades.

Motoristas e cobradores de ônibus definem às 15h se vão aderir à paralisação. Caso decidam que sim, o transporte público pode parar no final da tarde.

Desde o início da manhã, há marchas de algumas categorias em direção ao palácio do governo, no Centro Cívico. Várias ruas da região central sofrem interdições temporárias por causa das passeatas.

Às 16h, está previsto um grande ato na praça Rui Barbosa, no centro de Curitiba.

Em Pernambuco, o presidente da Força Sindical em Pernambuco, Aldo Amaral, disse em entrevista que o Complexo Portuário de Suape, no Grande Recife, um dos principais polos da economia de Pernambuco, está paralisado.

Bloqueios foram montados por volta das 6h nas três entradas do complexo como parte da mobilização do "Dia Nacional de Lutas".

Em Brasília, cerca de 300 pessoas, segundo organizadores, protestaram em frente ao Congresso. No Paraná, dez mil metalúrgicos pararam de trabalhar, segundo o sindicato da categoria.

Já no Rio, cerca de 60 agências não abriram hoje. Nesses locais, os clientes puderam utilizar apenas os caixas eletrônicos.


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