Folha de S. Paulo


Dilma rebate críticas e diz que importação de médicos é medida de curto prazo

A presidente Dilma Rousseff usou seu discurso durante o anúncio de seu programa para ampliação do número de médicos no sistema público nesta segunda-feira (8) para rebater críticas da classe médica. Ela afirmou também que o governo não vai priorizar a contratação de médicos estrangeiros em detrimento daqueles formados no Brasil.

Uma das medidas anunciadas obriga os estudantes de medicina a trabalharem por dois anos na rede pública de saúde antes de conseguirem o registro definitivo de médico. Com isso, a duração do curso passa de seis para oito anos.

As críticas motivaram uma série de manifestações da categoria pelo país nas últimas semanas. Os atos atacaram infraestrutura e baixos salários --reforçados pela presidente também como investimentos prioritários--, mas sobretudo contra a priorização de mão de obra estrangeira.

Médicos estrangeiros começam a trabalhar em setembro
Curso de medicina passará de seis para oito anos a partir de 2015

Nesta segunda-feira, a Folha mostrou que, sob pressão, o governo desistiu da importação de 6.000 médicos cubanos ao país e deve lançar nesta semana programa para atrair profissionais estrangeiros tratando Espanha e Portugal como países "prioritários".

Segundo Dilma, o programa "não tem como principal objetivo trazer mais médicos do exterior, mas sim levar mais saúde para o interior do Brasil".

Evaristo Sá/AFP
Dilma e o vice-presidente Michel Temer durante anúncio de medidas para a área da saúde
Dilma e o vice-presidente Michel Temer durante anúncio de medidas para a área da saúde

"Até que tudo isso aconteça, eu pergunto a vocês e pergunto a todos os brasileiros que nos assistem neste momento: quem vai atender aos brasileiros que não têm acesso médico até que todo esse processo amadureça e aconteça? Estou falando do agora, dos próximos meses, porque é com isso que o governo tem de se preocupar, com o que vai acontecer mais na frente e o que vai acontecer agora. Estou falando da justa e inquestionável reclamação dos brasileiros por uma saúde pública melhor agora", completou Dilma.

A presidente insistiu que "o conhecimento profissional, o contato humano, a boa orientação, são atitudes que estão acima de tudo". "Valem mais do que máquina de última geração", disse.

"Não se pode obrigar um médico que prefere viver na capital a ir para o interior. Não se pode fazer isso. Mesmo que possamos oferecer toda a estrutura necessária e uma boa remuneração. O profissional de saúde tem o direito de trabalhar onde quiser, de viver com sua família onde preferir, e de fazer o tipo de medicina que escolheu como melhor para sua carreira", afirmou a presidente.(TAI NALON, FLAVIA FOREQUE, JOHANNA NUBLAT E BRENO COSTA)


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