Folha de S. Paulo


Incêndio em favela deixa três mortos e oito feridos na zona sul de SP

Um incêndio de grande proporção atingiu na madrugada deste domingo uma favela, conhecida como comunidade da Ilha, na região de Heliópolis, zona sul de São Paulo. Ao menos três pessoas morreram e 19 ficaram feridas, três delas em estado grave, segundo a Defesa Civil. Ao menos 50 moradias foram atingidas.

O incêndio começou por volta da 1h em um barraco da favela na avenida Almirante Delamare e se espalhou rapidamente. Ao menos 22 equipes, cerca de 60 homens, trabalharam no combate ao fogo, que foi controlado às 4h. A área continua interditada nesta manhã para os trabalhos de rescaldo dos bombeiros e perícia do local.

Um hospital, que fica ao lado da favela, não foi atingido pelo fogo e nenhum paciente precisou ser removido devido a fumaça.

Segundo os bombeiros, as causas do incêndio serão investigadas, mas moradores da favela comentam que a queda de um balão teria iniciado o incêndio.

Amauri Nehn/Brazil Photo Press/Folhapress
Moradores da favela conhecida como comunidade da Ilha, na região de Heliópolis, observam trabalho dos bombeiros
Moradores da favela conhecida como comunidade da Ilha, na região de Heliópolis, observam trabalho dos bombeiros

MORADORES

A cabeleireira Maria Ivone Jesus dos Santos, 34, que mora há nove anos no local com o marido e a filha adolescente, estava dormindo quando ouviu os vizinhos gritando que a favela estava pegando fogo.

Segundo Maria Ivone, o fogo se alastrou tão rapidamente que ela perdeu quase tudo que estava na casa, inclusive uma máquina de lavar que ganhou há três dias do marido.

"Só deu tempo de salvar a minha gatinha, a bíblia, o microfone que eu louvo ao senhor, uma TV e a CPU do computador", disse a cabeleireira.

O metalúrgico desempregado, Marcos de Santana Almeida, 25, foi surpreendido pelo incêndio quando chegava em casa com a mulher Laiane Almeida Santana, 16. Eles perderam tudo no incêndio.

Quando viu o fogo a reação de Almeida foi ligar para a mãe para avisar que estava bem. "Vi as paredes da minha casa desabando e comecei a chorar de desespero", disse.

Almeida disse que só deixa o local quando receber uma posição da prefeitura para onde as famílias serão levadas ou o pagamento de auxílio aluguel. " Já tem protesto pelo país, a gente para tudo", disse Almeida

PREFEITURA

Segundo o subprefeito do Ipiranga, Luiz Henrique Girardi, pelo menos 60% da favela foi condenada pelo fogo e 17 moradores buscaram atendimento no Hospital de Heliópolis, vizinho à favela.

A Secretaria de Assistência Social informou na tarde deste domingo ter cadastrado 503 famílias --num total de 860 pessoas--, que tiveram suas casas consumidas pelo fogo. Como primeiro atendimento, foram distribuídos kits com colchões e cobertores individuais, além de itens de higiene pessoal e uma cesta básica por família, segundo a pasta.

A secretaria também informou que está avaliando possíveis locais para receber os desabrigados. Até o momento, o atendimento tem sido feito na quadra da escola de samba Imperador do Ipiranga.


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