Folha de S. Paulo


Prejuízo com saques e depredações em Campinas (SP) chega a R$ 2 mi

Saques e depredações registrados em meio aos três dias de manifestações por melhorias no transporte público de Campinas (SP) já resultaram em mais de R$ 2 milhões de prejuízo aos lojistas do centro da cidade, segundo levantamento da Acic (Associação Comercial e Industrial de Campinas).

Além do prejuízo direto, que já afetou diversos tipos de estabelecimentos --desde agências bancárias e supermercados até lojas de noivas e drogarias--, a Acic calcula que o comércio da cidade tenha tido um impacto negativo de mais de R$ 13 milhões no volume de vendas.

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Segundo Laerte Martins, economista da associação, a queda nas compras tem girado em torno de 10% a 12% por dia na cidade e de 15% a 20% somente no centro. "É um impacto geral porque o efeito é bastante psicológico. As pessoas vão embora mais cedo, evitam sair de casa e mudam a rotina quando há manifestação. Então deixam de comprar."

Para a presidente da Acic, Adriana Flosi, os pequenos comerciantes têm sido os mais prejudicados. "Se ele tiver a loja depredada ou saqueada, pode significar o fim do negócio. Se ele tiver três empregados, essas três pessoas serão demitidas."

Nesta segunda-feira (24), uma loja de moda feminina de duas jovens foi saqueada e a porta de uma perfumaria foi novamente danificada em avenida nas imediações da prefeitura.

"Levaram um monte de mercadoria, ainda nem sei quanto", disse Luiza Keunecke, 22, uma das sócias. "Estava na manifestação de quinta, mas não fui mais por causa da violência."
Keunecke disse ter sido avisada do saque por outro comerciante da avenida, Tiago Campos, dono de uma academia a poucos metros da loja.

Campos disse que um grupo de vândalos quebrou a porta e invadiu o estabelecimento, levando vários produtos. "Não tinha o que fazer. Era muita gente. Cada dia tem mais vândalos e menos manifestantes", afirmou.

QUINTA-FEIRA

Na última quinta-feira (20), dia do maior dos três protestos na cidade, que reuniu mais de 30 mil pessoas, um minimercado foi saqueado, uma agência bancária teve todos os vidros quebrados e uma loja de noivas teve todos os seus vestidos roubados na avenida Anchieta, onde fica a prefeitura.

"São 25 anos trabalhando para resultar nisso", disse Malu Rocha, apontando para o interior vazio da loja de noivas --o prejuízo foi de R$ 50 mil.

Segundo balanço da prefeitura, os prejuízos aos cofres públicos já ultrapassam os R$ 700 mil. São cerca de R$ 500 mil de prejuízo pela destruição de jardins e iluminação pública em praças, quebra de painéis informativos e pichação de monumentos e R$ 238,5 mil pelos vidros quebrados e pelas estruturas e equipamentos danificados no Palácio dos Jequitibás, sede do governo municipal, e seu entorno.

MAIS MANIFESTAÇÕES

Há outras quatro manifestações marcadas para esta semana em Campinas, todas no centro da cidade: uma contra a PEC 37 e outra pedindo por melhorias na rede pública de saúde da cidade, ambas na quarta (26), uma contra o pastor Marco Feliciano, presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, na quinta (27), e o quarto ato por melhorias no transporte público, na sexta (28).

Segundo a Folha apurou, a PM está trabalhando com imagens feitas pelas redes de televisão durante os protestos para identificar os que estão praticando atos de vandalismo. Segundo um comandante da corporação, o intuito é conseguir prender membros do grupo antes que eles cheguem ao protesto e se misturem aos manifestantes.


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