Folha de S. Paulo


Protesto acaba em empurra-empurra na Assembleia Legislativa de Roraima

Um protesto na manhã desta terça-feira (25) acabou em confusão na Assembleia Legislativa de Roraima.

Membros do movimento "Vem pra rua Roraima" e partidários do governador do Estado, José de Anchieta Junior (PSDB), trocaram empurrões nas galerias. Seguranças da assembleia e policiais tiveram de intervir.

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O deputado e ex-governador do Estado Flamarion Portela (PTC) acusa Anchieta Junior de escalar servidores públicos para o apoiarem durante a sessão da assembleia, já que o movimento "Vem pra rua Roraima" havia marcado uma manifestação para o horário da sessão. O governo de Roraima nega.

"Fui o primeiro a entrar no plenário para registrar o ponto. Tomei uma sonora vaia. Quando olhei, vi que as galerias estavam lotadas de funcionários do segundo escalão do governo estadual, em pleno horário de expediente. Foi uma coisa explícita", disse Flamarion.

Segundo ele, a estratégia do governador era lotar a assembleia para não dar lugar aos manifestantes, porque era sabido que seria debatido o pedido de impeachment que há contra ele.

Caio Marques, representante do "Vem pra rua Roraima", reclamou que as galerias já estavam cheias e que sobraram apenas "20 ou 30 vagas" quando o grupo que faria o sexto protesto em Boa Vista desde 18 de junho chegou.

"Os servidores públicos quase lotaram o plenário. Quando um dos nossos membros dava entrevista para uma emissora de televisão, um deles se posicionou atrás com uma placa de apoio ao governo. Aí começou o empurra-empurra. Mas não chegou a ter agressões físicas de nenhuma das partes", afirmou Marques.

Há aproximadamente quatro meses um advogado protocolou, na Assembleia Legislativa de Roraima, um pedido de impeachment do governador José de Anchieta Junior.

Segundo o deputado Chico Guerra (PSDB), presidente da assembleia, o pedido está no departamento jurídico e ainda não começou a tramitar na casa.

Guerra explicou que o pedido se baseia no atraso de repasses de recursos do poder Executivo para os poderes Legislativo e Judiciário.

Por meio de nota, o governo de Roraima negou ter enviado servidores para acompanhar a sessão da Assembleia Legislativa.

"Nenhum servidor público do Estado foi estimulado oficialmente a participar --ou deixar de participar-- das manifestações em curso. Decisões individuais, se ocorreram, foram tomadas com liberdade e por razões de foro íntimo", diz um trecho de nota enviada à Folha.

O governo disse ainda por meio da nota que "até agora, não há registro de abusos entre os servidores" e que "nenhum serviço público parou ou foi prejudicado pelas mobilizações destes dias".

O governador José de Anchieta Junior não se manifestou sobre o pedido de impeachment.

O movimento "Vem pra rua Roraima" pede melhorias na infraestrutura do Estado, principalmente em relação à saúde, educação e segurança. "É tanta coisa ruim que o transporte público não é a nossa primeira preocupação", afirmou Caio Marques.

Em pelo menos três dos seis protestos que ocorreram em Boa Vista foram registrados atos de vandalismo e confrontos com a polícia. Os responsáveis pelos atos dizem que os vândalos não fazem parte do grupo.


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