Folha de S. Paulo


Manifestantes acampados em frente à casa do governador do Rio recebem visitas

Dezenas de pessoas visitam na tarde deste domingo (23) o acampamento montado em frente à casa do governador do Rio, no Leblon, zona sul carioca. A rua Aristídes Espínola - onde mora Sérgio Cabral (PMDB) - segue fechada pela Polícia Militar - assim como três quarteirões da avenida Delfim Moreira, na orla.

O clima é de tranquilidade. O movimento "Ocupe a Delfim Moreira" pretende permanecer no local ao longo da semana. A ideia tem o apoio de moradores da região, que fazem, inclusive, doações aos manifestantes de toalhas de banho e café.

Na tarde de hoje, diversos cartazes foram espalhados pela avenida Delfim Moreira despertando a atenção de quem caminhava ou pedalava pela orla. Muitas pessoas paravam para ouvir os discursos do grupo - seguidos de paródias com o violão. A mais aplaudida foi a versão "Esse cara é o Cabral" - em referência a "Esse cara sou eu" de Roberto Carlos.

A música aborda violações de direitos humanos e critica a corrupção. O refrão - "Estou passando mal.. na fila do hospital. Esse cara é o Cabral" chamou a atenção de médicos que moram na região.

Outras críticas foram feitas à presidente Dilma Roussef por trazer profissionais estrangeiros para o país. A categoria reclama da falta de estrutura dos hospitais, de baixos salários e falta de plano de carreira. O governador também foi criticado por dizer na TV que está interessado em diálogo, mas não comparecer ao local para discutir os problemas com a população.

APLICATIVO

Um grupo de engenheiros de Brasília passou pelo local colhendo depoimentos para o aplicativo "Manifeste.me" disponibilizado na internet nesta madrugada. Antes, eles já haviam recolhidos dados na Rocinha, em São Conrado, zona sul.

"É uma iniciativa que a gente coloca na internet para levar as reivindicações (on-line) do país inteiro ao público. Assim, a gente consegue entender quais são as prioridades da população", explicou o engenheiro de rede de comunicações Leandro Rezende, 26, um dos criadores da plataforma.

"A partir daí, as ideias mais aplaudidas serão as primeiras a aparecerem na página e serem levadas para os governantes", explicou.

REIVINDICAÇÕES

Os jovens reivindicam melhorias na saúde e na educação pública. A Folha entrou em contato com a assessoria de imprensa de Sérgio Cabral, mas ainda não obteve retorno.

Na próxima quarta-feira (26), o grupo deve seguir para uma reunião na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio) para saber quais serão os rumos das próximas manifestações. No mesmo dia, eles terão um encontro com deputados da Comissão de Direitos Humanos da Casa.


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