Folha de S. Paulo


Passe Livre faz reunião aberta hoje em três bairros de São Paulo

O Movimento Passe Livre, responsável pelos últimos protestos contra o aumento das tarifas do transporte público de São Paulo fará uma reunião aberta ao público na tarde deste domingo. Segundo comunicado divulgado na internet, a reunião servirá para apresentar o movimento à população, discutir o sistema de transportes, aumentos e a tarifa zero.

Os encontros ocorrerão simultaneamente em três pontos da capital paulista, e estão marcados para começar às 14h. Na zona leste, a reunião ocorrerá na Quadra dos metroviários, na rua Serra do Japi, 31, próximo à estação Tatuapé do metrô.

Dois em cada três paulistanos acham que manifestações devem continuar
Para 84% dos paulistanos, decisão de baixar tarifa do ônibus foi acertada

Na zona sul, o encontro ocorrerá na subsede da Apeoesp Santo Amaro, na rua Cerqueira Cesar, 480, próximo ao metrô Largo Treze. O terceiro espaço destinado à reunião fica na rua Medeiros de Albuquerque, 55, próximo à estação Sumaré do metrô, zona oeste.

O grupo não informou se ao encontro também servirá para marcar novos atos. Membros do Passe Livre chegaram a falar que suspenderiam os protestos na capital paulista, mas voltaram atrás.

REDUÇÃO

A escalada de protestos pelo país ganhou força a partir do último dia 6 em São Paulo, quando o Passe Livre levou 2.000 pessoas às ruas contra o aumento da passagem de R$ 3 para R$ 3,20.

Treze dias depois, já com a adesão dos protestos em pelo menos 12 Estados, São Paulo, Rio de Janeiro e outras seis capitais reduziram as tarifas.

As reduções foram anunciadas no dia 19, quando os protestos já reuniam 215 mil pessoas em todo o país. Anteontem, mais de 1 milhão de pessoas foram às ruas.

"Conquistamos a reivindicação e, no momento, não faremos mais protestos. Vamos agora discutir para conquistar nosso principal objetivo, que é a tarifa zero", disse pela manhã Erica de Oliveira, 22, integrante do MPL.

Desde a última segunda-feira, o grupo vinha mantendo diálogo com o prefeito Fernando Haddad (PT) e seus interlocutores para que a tarifa fosse reduzida.

No entanto, líderes do movimento e integrantes do governo negam qualquer acordo para encerrar as manifestações após a redução do valor das passagens de ônibus, trens e metrô, que voltarão a custar R$ 3 a partir da próxima segunda-feira.

Para secretários de Haddad, o Passe Livre optou pela suspensão também por causa do desgaste sofrido com a disseminação dos protestos violentos, que já causaram duas mortes --em Ribeirão Preto e Belém (PA).

Já o movimento diz que a violência só ocorreu onde houve repressão policial.

Erica admitiu que, embora o MPL tenha coletivos em outros Estados, as manifestações ultrapassaram a questão do transporte público e, com isso, não havia maneiras de controlar atos país afora.

Estados como Pará não contam com representantes do Passe Livre e mesmo assim houve protestos.

Rafael Siqueira, do Passe Livre, disse que houve invasão de grupos "neofascistas".

"Eles entraram nos últimos atos para defender propostas que não nos representam", afirma. Ele cita entre as causas que surgiram a redução da maioridade penal.

AGRESSÃO

Horas após uma onda de manifestações violentas em todo o país, o Movimento Passe Livre divulgou nota condenando o que chamou de "atos de violência" contra partidos. A nota, porém, não faz menção à depredação de prédios públicos e saques ocorridos em outras cidades, como Rio e Brasília.

"O MPL é um movimento social apartidário, mas não antipartidário. Repudiamos os atos de violência direcionados a essas organizações durante a manifestação de hoje [anteontem], da mesma maneira que repudiamos a violência policial", diz a nota.

Em ato na avenida Paulista, bandeiras do PT foram arrancadas de manifestantes e queimadas. Segundo o movimento, desde os primeiros protestos, as "organizações" --entre eles PT, PSTU, PCO e PSOL-- fazem parte. "Oportunismo é tentar excluí-las da luta que construímos juntos", diz.

Editoria de arte/Folhapress
Clique na imagem para ampliar: infográfico mostra dados sobre o sistema de transporte coletivo de São Paulo
Clique na imagem para ampliar: infográfico mostra dados sobre o sistema de transporte coletivo de São Paulo

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