Folha de S. Paulo


Ao menos três são detidos em protesto marcado por brigas políticas em SP

A Polícia Militar deteve ao menos três pessoas nesta quinta-feira durante protesto contra as tarifas na região da avenida Paulista, área central de São Paulo. Segundo o o Datafolha, 110 mil pessoas participaram do ato.

Segundo policiais militares, um dos suspeitos foi detido na esquina com a rua Bela Cintra porque estava com um coquetel molotov. O objeto caseiro é uma garrafa com líquido inflamável e um pavio que, ao ser arremessado em chamas, pode explodir.

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Dilma Rousseff convoca reunião de emergência para amanhã

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Outras duas pessoas foram presas por pichação a orelhão na alameda Itu. O protesto de hoje na capital paulista foi marcado pelo conflito entre grupos partidários e outros que não queriam impedir a participação deles na manifestação.

O principal confronto entre nacionalistas e partidários ocorreu quando um grupo de manifestantes foi hostilizado por estar com bandeiras do PSTU e PT. Um homem usou um taco de hockei para ameaçar petistas. Durante a confusão, uma mulher caiu no chão e quase foi pisoteada. Ao menos duas bandeiras do PSTU e uma do PT foram tomadas de manifestantes e queimadas na avenida Paulista.

O bacharel em direito, Guilherme do Nascimento, 27, estava no meio de um empurra-empurra entre militantes do PT e um grupo que hostilizou os integrantes do partido durante toda a passeata, foi atingido na cabeça e deixou a manifestação sangrando. A Folha não conseguiu identificar o agressor, mas segundo Nascimento, foi um integrante do PT. "Eles me bateram com um pau. Foi o PT que fez isso", disse Nascimento à reportagem.

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Um grupo de nacionalistas armados com facas gritaram contra os manifestantes do PT dizendo que iriam "meter a faca". Eles entoaram gritos e disseram vão tomariam todas as bandeiras.

Membros do PSTU, PSOL, UNE, UJS (União Jovem Socialista) foram hostilizados por manifestantes na avenida Paulista, em frente à Fiesp. Juntos, os partidários começaram a deixar a região. A manifestante Fátima Sandalhel disse ter sofrido retaliações por vestir uma camiseta vermelha e estar próxima a grupos partidários.

"Nós estivemos em todas as manifestações anteriores para agora sermos expelidos na manifestação. Usar camisa vermelha é um direito, usar camisa é um direito. O que aconteceu hoje aqui é um atentado à democracia", disse Sandalhel.

PELO PAÍS

As manifestações realizadas nesta quinta-feira levaram mais de 1 milhão de pessoas às ruas. Apenas as capitais, acumularam 939.500 pessoas, segundo estimativa da Polícia Militar de cada um dos Estados. O Rio de Janeiro foi a capital com maior número de pessoas, 300.000.

Os protestos contra o aumento das tarifas do transporte público começaram no início do mês e foram ganhando força em todo o país, sendo registrados vários casos de confrontos e vandalismo. Com isso, 14 capitais e diversas outras cidades anunciaram entre ontem e hoje a redução das passagens.

Nessa quinta-feira, foram registrados confrontos em 12 capitais. Um dos casos mais violento ocorreu em Brasília, onde manifestantes quebraram o cerco da polícia e destruíram vidraças do Palácio do Itamaraty, sede do Ministério das Relações Exteriores.

No Rio, policiais disparam tiros de balas de borracha e jogaram bombas de gás lacrimogêneo para dispensar os manifestantes. Ao menos 22 pessoas feridas foram encaminhadas ao hospital municipal Souza Aguiar, no centro do Rio, de acordo com a Secretaria Municipal de Saúde. Houve ainda registro de saques.

Na capital paulista, o confronto aconteceu entre manifestantes ligados a partidos e outros que eram contra o envolvimento dos partidos políticos no ato. Houve agressão e bandeiras de partidos foram queimadas na avenida Paulista. Não há registro de pessoas detidas.

Após as manifestação, a presidente Dilma Rousseff (PT) decidiu convocar uma reunião de emergência para as 9h30 de amanhã com seus principais ministros para discutir os efeitos das manifestações por todo o Brasil.

Na reunião, Dilma irá avaliar relatos da extensão dos atos nas cidades brasileiras. A partir daí será decidida uma conduta de governo, como por exemplo medidas ao alcance do Ministério da Justiça ou até um pronunciamento oficial da presidente.


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