Folha de S. Paulo


Manifestante é socorrido após receber paulada na cabeça em SP; veja vídeo

O bacharel em direito, Guilherme do Nascimento, 27, estava no meio de um empurra-empurra entre militantes do PT e um grupo que hostilizou os integrantes do partido durante toda a passeata, foi atingido na cabeça e deixou a manifestação sangrando.

A Folha não conseguiu identificar o agressor, mas segundo Nascimento, foi um integrante do PT. "Eles me bateram com um pau. Foi o PT que fez isso", disse Nascimento à reportagem.

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Muito forte e com a cabeça raspada, o jovem não reagiu, apenas colocou a mão na cabeça enquanto sangrava. Depois, foi retirado do local por outros manifestantes, que o levaram até a alameda Campinas, onde havia um carro da PM.

Naquele ponto, integrantes do PT e PSTU decidiram deixar a manifestação.

Durante toda a caminhada, um grupo de cerca de 500 militantes do PT e da CUT (Central Única dos Trabalhadores) foram ameaçados e xingados por manifestantes que se diziam contrários a partidos da manifestação. Eles foram chamados de oportunistas, mensaleiros e ladrões.

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Danilo Camargo, 51, membro do Conselho de Ética Estadual do PT, disse que não viu o momento em que Nascimento foi agredido. Ele afirmou que, durante toda a caminhada na Paulista, o grupo permaneceu num cordão humano, sem responder às agressões.

Segundo ele, eram aproximadamente 350 integrantes do PT. "Conversamos com a militância antes de chegar à manifestação e todos estavam cientes que havia muitas pessoas que não queriam a manifestação do partido. Portanto, só foi quem estava disposto a aguentar provocações sem violência", disse Camargo.

O líder petista afirmou que o partido decidiu engrossar a manifestação de hoje depois que Mayara Vivian, 23, uma das organizadoras do Passe Livre, afirmou em entrevista que o movimento também lutaria por reforma agrária e moradia. "Não há como lutar por isso sem fazer política, sem os partidos. O prefeito Fernando Haddad (PT) por conta de uma decisão política, ou seja, que envolve um partido. A militância não poderia ficar de fora", disse.

CONFRONTOS

O principal confronto entre nacionalistas e os partidários ocorreu quando um grupo de manifestantes foi hostilizado por estar com bandeiras do PSTU e PT. Os nacionalistas querem que os protestos prossigam sem bandeiras partidárias ou interferência de partidos políticos.

Um homem usou um taco de hockei para ameaçar petistas. Durante a confusão, uma mulher caiu no chão e quase foi pisoteada. Ao menos duas bandeiras do PSTU e uma do PT foram tomadas de manifestantes e queimadas na avenida Paulista.

Um grupo de nacionalistas armados com facas gritam contra os manifestantes do PT dizendo que vão "meter a faca". Eles entoam gritos e dizem que vão tomar todas as bandeiras.

Membros do PSTU, PSOL, UNE, UJS (União Jovem Socialista) foram hostilizados por manifestantes na avenida Paulista, em frente à Fiesp. Juntos, os partidários começaram a deixar a região. A manifestante Fátima Sandalhel disse ter sofrido retaliações por vestir uma camiseta vermelha e estar próxima a grupos partidários.

"Nós estivemos em todas as manifestações anteriores para agora sermos expelidos na manifestação. Usar camisa vermelha é um direito, usar camisa é um direito. O que aconteceu hoje aqui é um atentado à democracia", disse Sandalhel.


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