Folha de S. Paulo


Prefeitura de Curitiba (PR) anuncia redução da passagem de ônibus

Após pressão de manifestantes, a Prefeitura de Curitiba anunciou nesta quinta-feira (20) redução na passagem de ônibus, assim como fizeram São Paulo, Rio de Janeiro e outras cidades nesta semana.

A tarifa caiu de R$ 2,85 para R$ 2,70 --uma redução de 5,2%-- e será válida a partir de 1º de julho.

Este, porém, ainda não é o valor reivindicado pela Frente de Luta pelo Transporte de Curitiba, que organiza os protestos na cidade. O movimento quer passagem a R$ 2,60, valor anterior ao último reajuste, ocorrido em março.

Outros protestos continuam programados para esta quinta e sexta-feira, a partir das 18 horas, no centro de Curitiba.

"[A redução] é com certeza um avanço, mas a pauta do movimento continua", disse a estudante Clarissa Viana, 22, uma das representantes da frente. "Se a população continuar na rua, a tarifa pode sim ser alterada."

CONTAS

O prefeito Gustavo Fruet (PDT) disse que a diferença de 15 centavos por passagem, que custará R$ 30,2 milhões por ano aos cofres da prefeitura, virá de três fontes de recurso: corte de gastos com a publicidade da Copa do Mundo, repasse da Câmara Municipal de Curitiba e cobrança de ISS das empresas de transporte coletivo.

Só de publicidade com a Copa, a prefeitura estima economizar entre R$ 6 milhões e R$ 8 milhões até dezembro.

Já o recurso do ISS virá por meio do aperto da fiscalização. A prefeitura pretende cobrar inclusive valores atrasados das empresas de ônibus. Com isso, deve arrecadar entre R$ 7 e 8 milhões até o final do ano.

A Câmara Municipal vai contribuir com outros R$ 10 milhões, provenientes de economias com viagens, gastos com publicidade, corte de cargos em comissão, entre outros. Parte dos valores estava sendo economizada para a construção de uma nova sede, segundo o presidente da Casa, Paulo Salamuni (PV).

Fruet disse que não pretende cortar verbas de outras áreas, mas não descartou a possibilidade, se for preciso. "Eu apresentei hoje três fontes de financiamento. A gente só vai ter a precisão desses dados [do montante conseguido com as três fontes] ao final desse ciclo. Isso nós vamos avaliar mês a mês", afirmou.

MUDANÇA

Ontem, Fruet recebeu os manifestantes. Na ocasião, ele afirmara que só haveria redução de tarifa se houvesse ajuda dos governos estadual e federal, por meio de isenções de impostos ou subsídios, ou a cidade teria que cortar investimentos de outras áreas.

O prefeito argumenta que o sistema de transporte da cidade, que atende Curitiba e outros 13 municípios da região metropolitana, está deficitário, e que o passageiro já paga menos do que o custo real da passagem, de R$ 2,99.

Segundo ele, o fato de São Paulo e Rio de Janeiro terem baixado a passagem ontem colaborou com a decisão de reduzir a tarifa em Curitiba.

A equipe da prefeitura passou "a noite em claro" para avaliar de onde viriam os recursos. O valor de 15 centavos foi definido com base nas fontes de receita disponíveis para cobrir a diferença.

"Eu gostaria de não cobrar nada. Agora, tem que ter uma postura de responsabilidade. Senão, não vai ter fim", disse Fruet. "Esse dinheiro vai sair do poder público, e não das empresas. Tem que deixar bem claro isso."


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