Folha de S. Paulo


Veja as reivindicações levadas às ruas durante manifestações

A Folha foi às ruas durante os protestos dos últimos dias em cidades do Brasil e do mundo e perguntou aos manifestantes por que eles estavam lá. As respostam variam desde "estou contra tudo" até argumentos mais específicos como "contra a corrupção", "contra a violência cometida contra os índios" ou "contra a PEC 37" (que restringe o poder de investigação do Ministério Público).

Claro, também havia quem estivesse se manifestando contra o aumento das tarifas do transporte público de São Paulo, que ontem voltou ao valor de R$ 3. São brasileiros e estrangeiros, jovens e idosos, aposentados e estudantes, filiados a partidos políticos e "sem partido", membros de um movimento ou lutando por uma causa própria. O retrato dos manifestantes é de uma insatisfação generalizada.

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Veja alguns dos protestos:

"Contra esse governo ditatorial. Porque um governo que reage com bala a uma manifestação é ditatorial", Demétrius Jordão, 75, aposentado, morador de São Paulo.

"O país está esgotado e esta indignação é antiga: mensalão, Renan Calheiros...", Paulo Roberto de Almeida, 56, administrador de empresas, de Florianópolis.

"Contra a violência urbana e por outros motivos. Quero ser professor, como meus pais, mas está tudo errado no país", Gustavo Otsuka, 21, estudante de odontologia, de São Paulo.

"Contra o roubo, contra a desorganização e por uma melhor saúde pública. Ontem fiquei oito horas esperando para ser atendido num hospital público", José Antonio Assis Salvo, 68, aposentado, de São Paulo.

"Estou aqui porque acredito em um país melhor", Priscila de Cássia, 27, poeta, de São Paulo.

"Principalmente contra o aumento da passagem, mas também por causa da saúde pública e da violência. Precisamos de dignidade", Willa Melo, 22, atriz, de São Paulo.

"Para pedir um governo melhor que atenda as minorias", Fabíola de Souza, 21, estudante, de Belo Horizonte.

"Contra a violência de Estado. Muitas pessoas aderiram ao protesto depois da violência policial. Mas os povos indígenas estão sofrendo violência diariamente", Bruna Rocha, 31, arqueóloga, há dois anos na Inglaterra, em protesto em Londres

"Pela mesma coisa que turcos, brasileiros e húngaros. Nós não estamos sendo ouvidos por ninguém. Os governos estão tomando decisões sem ouvir o povo", Gabor Hagdu, 26, arqueólogo húngaro, há dois anos na Inglaterra, também durante protesto em Londres.

"Estou protestando porque não é apenas sobre a tarifa do ônibus. Tem muito mais coisa envolvida", Talita Zaragoza, 28, artista plástica, durante manifestação em Nova York.

"Os aposentados não estão aguentando. Não dá nem para comprar remédio", Marita Ferreira, 82, aposentada, de São Paulo.

"Estou aqui pela mudança no sistema político, por um Congresso mais útil", Yuri Bering, 18, estudante, de Brasília.

"Contra tudo o que se estabeleceu no país nos últimos vinte anos", Armando Diório, 56, funcionário de escola, de São Paulo.

"É uma obrigação do brasileiro que está em outro país ir para a rua e mostrar que também está indignado", Bruno Ribeiro, 23, publicitário, de Buenos Aires.

"Vim protestar contra os R$ 3,20", Matheos Schnyder, 22, estudante de arquitetura, de São Paulo.

"Contra tudo, por saúde e por educação. Temos políticos ridículos", Guilherme Laurenti, 39, engenheiro, de São Paulo.

"São várias queixas. Está todo mundo reclamando de tudo", Gardênia Viana, 27, médica, de São Paulo.

"Está na hora de mudar o país e principalmente nossos políticos. Eu estava nos Caras-Pintadas e nas Diretas-Já e estou aqui de novo querendo mudar o país", Robinson Delgado, 51, funcionário público, de São Paulo.

"O transporte em Brasília é horrível. É uma cidade plana em que não se pode andar de bicicleta. Minha pauta é o direito de ir e vir", Renato Moll, 26, artista, de Brasília.

"Contra o aumento da tarifa, que afeta a todos que usam transporte coletivo", Henrique Domingues, 23,
estudante, de São Paulo.

"Por um transporte público de qualidade. Defendi que usássemos a Copa das Confederações como amplificador de nossas reivindicações", Gabriel Noronha, 19, estudante, de Belo Horizonte.

"Contra tudo o que está acontecendo no nosso país, como o uso de dinheiro público na Copa do Mundo. É uma palhaçada", Anonymous, 18, estudante, de São Paulo.

"Por tudo e todos. Nós nos sentimos exilados aqui, não podemos voltar porque não tem condições básicas de viver no Brasil", Hermeti Balarin, 34, publicitário, há dez anos na Inglaterra, em protesto em Londres.

"Acho que no fundo é o famoso 'chega'. No Rio, em 2004, a tarifa era 60 centavos. Agora chega a quase R$ 3",
Stéphanie Jesus, 25, mestranda de gerenciamento da indústria da música, há oito meses na Inglaterra, de Londres.

"Contra o aumento da passagem e a favor dos direitos em geral", Talita Monção, 21, estudante, de São Paulo.

"O estopim foi o aumento de 20 centavos, especialmente pelo transporte precário que temos em São Paulo. Mas pela repressão da polícia na semana passada, meu apoio é para mostrar que mesmo distante estamos juntos", Nathalia Corso, 21, estudante de marketing na USP, há três meses na Inglaterra, em protesto em Londres.

"Estou aqui para apoiar os protestos porque eu amo o Brasil, apesar de não ser brasileira. Isso ganhou uma dimensão mundial e eu quero dar suporte", Emma Young, 24, estudante americana, em Nova York.

"Contra os R$ 4,30 da EMTU em Guarulhos", Luis Carlos Donizete Golia, 49, estudante de sociologia, em São Paulo.

"Não aguento ver o que está acontecendo no Brasil. Estou longe, mas não estou cega", Mariana Almeida, 33,
estudante, em Buenos Aires.

"Decidimos que o ato também seria contra a PEC 37", Wellington Fontenelle, 18, vestibulando de Física, em Brasília.

"Estou aqui pelo fim da PEC 37 e pelo fim das votações secretas no Congresso", Silvio Soares, 41, autônomo, em São Paulo.

"Protesto contra a corrupção e a favor do passe livre", Suellen Aparecida, 22, fotógrafa, em São Paulo.

"Por saúde para todos, igualdade e respeito às minorias", Victor Moreira, 18, estudante, em Florianópolis.

"Estou aqui protestando contra o governo. O PT e o PSDB só trabalham para os empresários e precisamos do governo para o povo", Felipe Alencar, 20, estudante, em São Paulo.

Colaboraram Denise Menchen, Sabine Righetti, Juliana Gragnani, Joana Cunha, Jefferson Bortolini, Juliana Coissi, Fernando Mello, Filipe Coutinho, Paulo Peixoto e Marcio Freitas

Editoria de arte/Folhapress

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