Folha de S. Paulo


Diretor-geral da Câmara e coronéis são agredidos no Congresso

Um grupo de manifestantes agrediu a tapas, pontapés e cusparadas dois coronéis da Polícia Militar e o diretor-geral da Câmara dos Deputados agora há pouco no Congresso Nacional.

Um grupo formado pelo deputado federal Mendonça Filho (DEM-PE), o diretor-geral da Câmara, Sérgio Sampaio, e dois coronéis da PM, dentre os quais o chefe da Casa Militar do governador Agnelo Queiroz (PT-DF), se dirigiu à entrada de parlamentares no subsolo do Congresso para fazer uma averiguação sobre o risco iminente de invasão no prédio, quando foi surpreendido e cercado por um grupo de 200 manifestantes que haviam conseguido furar o cerco da Polícia Militar.

Polícia faz cordão para evitar invasão de manifestantes no Congresso

O grupo agredido continuava no prédio do Congresso até às 21h45 de hoje.

Pedro Ladeira/Folhapress
Manifestantes invadem marquise do Congresso Nacional durante protesto; manifestações se espalham por 11 capitais
Manifestantes invadem marquise do Congresso Nacional durante protesto; manifestações se espalham por 11 capitais

Sérgio Sampaio disse à Folha que recebeu "chutes e tapas". "Quando vi, estávamos cercados", disse o diretor-geral. O deputado Mendonça Filho disse que o grupo foi à entrada para verificar a situação a pedido do presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), que está na Rússia. Depois das agressões, chamou o deputado André Vargas (PT-PR) às pressas ao Congresso porque resolveu que não assumirá sozinho os riscos de controle de acesso ao prédio.

"Sou o único deputado aqui e não vou tomar sozinho as decisões de segurança", disse o parlamentar.

Por volta das 21h30, havia cerca de 700 manifestantes postados na frente do Congresso ainda ameaçando invadir o prédio.

Os manifestantes trincaram um dos vidros do Congresso com um martelo. Eles gritam "vamos entrar em casa".

Mais tarde, um manifestante tentou romper o cordão de isolamento da polícia, que reagiu com spray de pimenta, cassetetes e gás lacrimogêneo.

Três representantes dos manifestantes estão reunidos com negociadores da polícia legislativa. Entre as reivindicações, eles pediram a punição de todos os que agrediram manifestantes nos protestos ao redor do país e a derrubada da PEC 37, que restringe os poderes do Ministério Público.

SEM REPRESSÃO

Em nota emitida à imprensa às 21h24min, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), assumiu a responsabilidade pela equipe de segurança do Congresso não ter reagido para impedir o ato em frente ao Congresso e a invasão do teto da Casa.

"Pessoalmente dei ordens à Polícia Legislativa para que não reprimisse a manifestação popular e que em nenhuma hipótese usasse de violência, mantendo apenas a ordem necessária", afirmou o senador, na nota.

"O Congresso Nacional reconhece a legitimidade de manifestações democráticas como as havidas hoje, desde que as instituições sejam preservadas. [...] O Congresso Nacional continuará aberto às vozes das ruas e recolherá todos os sentimentos das manifestações a fim de encaminhar soluções no que lhe couber, como não poderia ser diferente em um ambiente democrático", afirmou a nota.

PROTESTO

Milhares de pessoas saíram às ruas nesta segunda-feira (17) em ao menos 11 capitais do país para protestar contra os reajustes da tarifa de ônibus, a repressão policial nas manifestações recentes em São Paulo e para pedir ética na política, investimentos em saúde, educação e transporte, entre outras reivindicações.

Além de São Paulo, Rio e Brasília, há protestos nas seguintes capitais: Belo Horizonte, Fortaleza, Vitória, Maceió, Belém, Salvador, Curitiba, Porto Alegre. Há manifestações também em Londrina (PR), Foz do Iguaçu (PR), Indaiatuba (SP) e Juiz de Fora (MG).

Na capital paulista, esse é o quinto protesto. As anteriores foram marcadas por confrontos com a PM. O último caso ocorreu na quinta-feira (13), quando houve confusão na rua da Consolação, na região central.

Para esta segunda-feira, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) afirmou que a Polícia Militar não usará balas de borracha contra os manifestantes. "Nós acreditamos em uma manifestação pacífica e organizada, em que a polícia vai apenas ordenar para que ela aconteça", disse ontem (16) o secretário de Segurança Pública, Fernando Grella Vieira.(MÁRCIO FALCÃO, CATIA SEABRA, RUBENS VALENTE e JOÃO CARLOS MAGALHÃES)


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