Folha de S. Paulo


Manifestantes cercam a Câmara Municipal em Bauru (SP)

Um grupo de manifestantes cercou a Câmara Municipal de Bauru (SP) no início da noite desta terça-feira e está impedindo a saída de vereadores e funcionários que participavam da sessão legislativa semanal.

Eles pedem a assinatura do pedido de instalação de uma CEI (Comissão Especial de Inquérito) sobre o transporte coletivo na cidade. Segundo a Polícia Militar, por volta de 700 pessoas participam de manifestação que fechou o trânsito numa das principais avenidas da cidade, a Rodrigues Alves. Para os organizadores, o protesto reuniu 1.200 pessoas. A maioria é formada por estudantes.

Uma comissão negocia a saída dos vereadores e funcionários. Segundo o vereador Roque Ferreira (PT), autor do pedido de CEI, os funcionários até podem sair, mas sem usar o carro.

"Vai de busão", gritam os manifestantes nas duas saídas de carro do prédio.

Além de Roque, apenas mais um dos 16 vereadores assinou o pedido de CEI. O petista defende uma investigação sobre os contratos assinados com as empresas que exploram o transporte coletivo.

Após percorrer a avenida Rodrigues Alves, os manifestantes chegaram à Câmara no momento em que os vereadores estavam reunidos para a sessão legislativa. Do lado de fora, xingaram o prefeito Rodrigo Agostinho (PMDB), a presidente Dilma Rousseff (PT), os parlamentares e os políticos de forma geral.

Eles defendem a municipalização do transporte e tarifa zero para todos.

Apesar da tensão, não houve confronto.Os líderes do protesto a todo momento estimulavam o grito "sem violência", que ficou conhecido nas manifestações de São Paulo.

"Nosso objetivo era exigir que os vereadores saíssem para cobrarmos explicações", disse o estudante Tales Freitas, 18, um dos líderes da manifestação.

Na semana passada, a prefeitura reduziu o valor da tarifa de R$ 2,90 para R$ 2,80.

Nas ruas, os estudantes ganharam o apoio de pessoas que assistiram o protesto.
"Os políticos estão muito acomodados. O povo não pode ser lembrado apenas na hora da eleição", disse o aposentado Domingos Pereira de Lima, 78.

Em nota, a prefeitura ressaltou a redução tarifária e informou que há estudo para remodelar o transporte coletivo.

PROTESTO

Milhares de pessoas saíram às ruas nesta segunda-feira (17) em ao menos 11 capitais do país para protestar contra os reajustes da tarifa de ônibus, a repressão policial nas manifestações recentes em São Paulo e para pedir ética na política, investimentos em saúde, educação e transporte, entre outras reivindicações.

Além de São Paulo, Rio e Brasília, há protestos nas seguintes capitais: Belo Horizonte, Fortaleza, Vitória, Maceió, Belém, Salvador, Curitiba, Porto Alegre. Há manifestações também em Londrina (PR), Foz do Iguaçu (PR), Indaiatuba (SP) e Juiz de Fora (MG).

Na capital paulista, esse é o quinto protesto. As anteriores foram marcadas por confrontos com a PM. O último caso ocorreu na quinta-feira (13), quando houve confusão na rua da Consolação, na região central.

Para esta segunda-feira, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) afirmou que a Polícia Militar não usará balas de borracha contra os manifestantes. "Nós acreditamos em uma manifestação pacífica e organizada, em que a polícia vai apenas ordenar para que ela aconteça", disse ontem (16) o secretário de Segurança Pública, Fernando Grella Vieira.


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