Folha de S. Paulo


Protestos contra as tarifas se espalham em 12 capitais do país

Milhares de pessoas saíram às ruas nesta segunda-feira (17) em ao menos 11 capitais do país para protestar contra os reajustes da tarifa de ônibus, a repressão policial nas manifestações recentes em São Paulo e para pedir ética na política, investimentos em saúde, educação e transporte, entre outras reivindicações.

Também foram ouvidas palavras de ordem contra a presidente Dilma Rousseff, o deputado Marco Feliciano, governos estaduais e municipais e até contra a PEC 37, que tira o poder de investigação do Ministério Público.

Manifestantes se dividem durante passeata em São Paulo
Pai, filhas e neta participam de protesto contra tarifas em SP

Além de São Paulo, Rio e Brasília, há protestos nas seguintes capitais: Belo Horizonte, Fortaleza, Vitória, Maceió, Belém, Salvador, Curitiba, Porto Alegre e Recife. Há manifestações também em Londrina (PR), Foz do Iguaçu (PR), Indaiatuba (SP) e Juiz de Fora (MG).

Em Belo Horizonte, a marcha rumo ao Mineirão, onde Nigéria e Taiti se enfrentaram pela Copa das Confederações, ganhou corpo durante a tarde. Às 14h, havia 2.500 manifestantes; no início da noite, já eram 15 mil, segundo a PM.

Por volta de 17h15, houve confronto quando um grupo furou o bloqueio montado nas proximidades da Universidade Federal de Minas Gerais. A PM reagiu com gás lacrimogêneo e balas de borracha, enquanto os manifestantes jogavam pedras. Ao menos uma pessoa foi detida.

Lucas de Souza, 20, estudante de engenharia da UFMG, disse que "sempre" teve insatisfação com o transporte público de Belo Horizonte. "As manifestações no Rio e em São Paulo mostraram que unidos poderemos conseguir mudanças", disse.

Em Salvador, onde o último reajuste de tarifas ocorreu há um ano, cerca de 5.000 pessoas tomaram as ruas.

"Estamos contra tudo que esta aí. Pelo direito de manifestação sem truculência policial. Contra essa Copa, que só beneficia poucos. Por mais ética na política", disse a estudante Larissa Soares, 16.

Em Curitiba, a PM estima em 5.000 os participantes do protesto, que pedem passe livre para os estudantes e a criação de uma empresa pública para gerir o transporte na cidade.

Em Maceió, o foco é a redução da tarifa de ônibus, reajustada recentemente de R$ 2,30 para R$ 2,85 e mantida no menor valor por força de uma decisão judicial.

Em Fortaleza, a maioria das faixas e cartazes traz mensagens de solidariedade aos feridos nos protestos de São Paulo e Rio.

Em Vitória, as palavras de ordem são contra a corrupção e a favor da tarifa zero.

Em Londrina (PR), onde houve recente redução da tarifa do transporte coletivo, os manifestantes pedem melhorias na educação e na saúde. Em um dos cartazes empunhados por manifestantes se lê "Desculpe o transtorno, estamos mudando o país".

No Recife, um grupo de estudantes foi para as ruas depois de uma reunião realizada para organizar o protesto na cidade, que aconteceria somente na quinta-feira (20). Os manifestantes caminharam pelas ruas do centro da cidade e foram acompanhado por uma viatura da Polícia Militar.

SÃO PAULO

Na capital paulista, a Polícia Militar aponta cerca de 30 mil pessoas no protesto que se concentrou no largo da Batata, na região de Pinheiros, na zona oeste de São Paulo. O Datafolha, no entanto, aponta que o número é de aproximadamente 65 mil pessoas.

Após a concentração no largo da Batata, o movimento decidiram dividiu dividir a passeata em dois grupos. Uma parte foi pela av. Rebouças sentido marginal Pinheiros, e outra pela av. Faria Lima. Inicialmente, um grupo liderado pelo partido PSTU disse que seguiria em direção à avenida Paulista, mas desistiu do trajeto.

As últimas manifestações do grupo foram marcadas por confrontos com a Polícia Militar. O último caso ocorreu na quinta-feira (13), quando houve confusão na rua da Consolação, na região central. Segundo organizadores, ao menos cem pessoas ficaram feridas e mais de 200 foram detidas. Dentre jornalistas, houve 15 feridos, sendo sete da Folha.

Para esta segunda-feira, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) afirmou que a Polícia Militar não usará balas de borracha contra os manifestantes. "Nós acreditamos em uma manifestação pacífica e organizada, em que a polícia vai apenas ordenar para que ela aconteça", disse ontem (16) o secretário de Segurança Pública, Fernando Grella Vieira.

Com colaboração DE SALVADOR, DE CURITIBA, DE PORTO ALEGRE, COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM BELO HORIZONTE e COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM JUIZ DE FORA


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