Folha de S. Paulo


Comerciantes fecham estabelecimentos antes de protesto em SP

São quatro horas da tarde, mas o clima é de final de expediente na região do cruzamento das avenidas Faria Lima com Rebouças. Dezenas de pessoas caminham apressadas a caminho de casa. Boa parte do comércio está fechando as portas.

"Não adianta ficar aberto porque não vai ter clientela", disse o proprietário de uma banca de jornais na esquina das duas avenidas. "Vou perder umas quatro horas de venda." Em um dia comum, ele fecharia em torno de 20h.

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A Folha também encontrou a proprietária de uma banca de salgados Faria Lima fechando as portas. "Estou indignada por ter de fechar mais cedo. Quem vai pagar as minhas contas amanhã?", disse Regiane Vieira Alves. "Se uma pedra atinge a minha geladeira o que eu vou fazer? Estou revoltada."

Alves também dispensou sua funcionária mais cedo por causa da manifestação marcada para às 17h.

FIM DE EXPEDIENTE

O publicitário João Biancardi, que trabalha na avenida Faria Lima, também dispensou sua equipe mais cedo e saiu junto com os funcionários. "Queremos evitar que as pessoas peguem trânsito. Além disso, quem quiser participar da manifestação terá a oportunidade."

Para Anthony Martins de Lima, 35, que trabalha com restaurantes na região, manifestação é "coisa de jovem". Ele estava indo para a casa quando conversou com a reportagem. "Só quero chegar em casa logo."

Stanislaw Lukin, 35, que trabalha em uma cafeteria na região, manterá as portas abertas. "Qualquer coisa eu fecho correndo", disse. "Sou a favor da manifestação. O povo está abrindo os olhos."

CONFRONTO

Na última quinta-feira (13), o confronto entre manifestantes e PMs começou quando a polícia tentou impedir o grupo de prosseguir a passeata contra o aumento dos ônibus pela rua da Consolação e chegar à avenida Paulista, uma das vias mais importantes da cidade e que dá acesso a diversos hospitais.

Com isso, houve bombas de gás lacrimogêneo e tiros de borracha disparados contra os manifestantes, que atiravam pedras e outros objetos.

Na sexta-feira (7), o segundo dia de protestos, os manifestantes fecharam a pista local da marginal Pinheiros, na zona oeste de São Paulo por volta das 19h20.

Policiais que acompanhavam os manifestantes usaram bombas de gás lacrimogênio e tiros de borrachas para dispersar os cerca de 800 manifestantes.

O grupo havia se concentrado na avenida Faria Lima e seguiu pela avenida Eusébio Matoso até a marginal Pinheiros, onde bloquearam as pistas expressa e local no sentido Castello Branco.

No primeiro dia de protestos (6), os manifestantes chegaram a bloquear a avenida Paulista.

Para conter o movimento, a PM usou gás lacrimogênio e tiros de bala de borracha para reprimir a manifestação, o que provocou correria. A Força Tática esteve no local.

Os organizadores apontam que ao menos 30 pessoas ficaram feridas.


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