Folha de S. Paulo


Último manifestante ainda preso por protesto na terça-feira em SP é solto

O último dos 13 manifestantes que foram presos nos protestos da última terça-feira (11) contra o aumento das tarifas do transporte público em São Paulo, o jornalista Raphael Sanz Casseb, 26, foi colocado em liberdade provisória nesta sexta-feira (14).

Ele é acusado de ter colocado fogo numa guarita da Polícia Militar na região da avenida Paulista e foi solto após pagar fiança de oito salários mínimos (R$ 5.424).

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Segundo seu advogado, Geraldo Santamaria Neto, o valor foi pago com recursos da família, sem ajuda do Movimento Passe Livre, que organiza as manifestações.

Santamaria Neto disse ainda que o valor da fiança arbitrada pela delegacia --inicialmente em R$ 20 mil-- é abusivo e que a Justiça foi "negligente". Segundo ele, a juíza responsável pelo alvará de soltura só chegou ao fórum às 14h.

"A impressão é que o processo foi retardado para que ele ficasse preso mais tempo", disse o advogado.

Ele afirmou que Casseb foi ferido por policiais militares no momento da prisão, mas que foi "bem tratado" na delegacia.

LIBERADOS

Na quinta-feira (13), a Justiça havia mandado soltar os outros 12 manifestantes que estavam presos sob acusação de terem participado de atos violentos nas manifestações da última terça-feira em São Paulo.

O juiz Eduardo Pereira Santos Junior considerou que não havia elementos para caracterizar que o grupo havia praticado o crime de formação de quadrilha, o único motivo que permitiria que eles continuassem presos provisoriamente.

"Não faz o menor sentido acusar de formação de quadrilha pessoas que não se conheciam e que se encontraram na avenida Paulista para protestar", diz o advogado Alexandre Pacheco Martins.

A Folha apurou que a acusação de formação de quadrilha foi feita por delegados com a intenção de mandar uma mensagem aos manifestantes: a de que eles seriam tratados de forma mais dura.

Dez dos manifestantes soltos também foram acusados de dano ao patrimônio público. Os outros dois são acusados de ter agredido o policial militar Wanderlei Vignolli. Eles foram indiciados por desacato, lesão corporal e por danificar o patrimônio público ao pichar as paredes do Tribunal de Justiça.

A dupla, o artista Daniel Silva Ferreira, 20, e o editor Ederson Duda da Silva, havia sido enviada à penitenciária de Tremembé e foi solta no começo da noite de ontem.

PARTIDOS

A polícia identificou entre os presos e detidos nos protestos de terça-feira dois militantes filiados ao PSOL e um do PT. A interpretação da polícia é que não seguiam orientações partidárias.

Um dos filiados ao PSOL é o jornalista Pedro Ribeiro Nogueira, 27, do portal Aprendiz. O outro é Vinicius Orelano Fernandes, que foi detido por desacato e liberado. O petista é o professor Ildefonso Hipólito Penteado, 43.

O PT diz que ele entrou no partido em 1995, mas não renovou a filiação em 2000 e por isso não tem direito a voto em questões internas.

Sobre Nogueira, o PSOL diz que, apesar de o jornalista ainda constar da lista de filiados ao partido da Justiça Eleitoral, ele já havia formalizado o seu desligamento do partido.


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