Folha de S. Paulo


Manifestantes farão atos em diversas cidades do mundo em apoio a protestos no Brasil

Em apoio aos protestos em São Paulo, Rio de Janeiro e em outras cidades, brasileiros que vivem em diversas cidades do mundo (Europa, América do Norte e América Latina) prometem realizar manifestações nas próximas semanas.

Em Paris, o ato está marcado para o próximo dia 22 de junho, na praça Saint Michel, às 17h, de acordo com a organização do evento.

"Cada manhã que acordamos vemos o Facebook lotado de imagens de violência. Ao lermos os jornais, vimos que o movimento em São Paulo havia tomado dimensões que nos fez ter esperança. Achamos que não poderíamos silenciar, pois também queríamos estar protestando", diz Fernanda Vilar, uma das articuladoras do evento.

A estudante Virginia Costa, outra articuladora do evento, diz que não há nenhum grupo específico na organização. "O que nos move é o sentimento de revolta contra a violência policial e a justificativa da pauta quanto aos transportes urbanos", diz Costa.

Em Berlim, a manifestação ocorrerá no próximo domingo (16) entre duas estações de metrô na região central da cidade.

De acordo com a organizadora do protesto, Juliana Rebelo Doraciotto, o ato é uma resposta à atual situação da democracia no Brasil, onde "mesmo protestos pacíficos são tidos como um crime"

Em Dublin (Irlanda), está sendo organizado um protesto também no próximo domingo (16), que deve ocorrer em frente ao monumento Spire, com início às 13h (hora local, 9h de Brasília).

De acordo com Acauan Malta, um dos organizadores do evento, o evento não é apenas contra o aumento da tarifa de ônibus, mas "pelo fim de tantos casos de corrupção no Brasil". Segundo ele, o protesto será pacífico.

Outro protesto ocorrerá em Lisboa, na próxima terça-feira (18) no Largo de Camões, às 17h.

Segundo Gabriel Moraes de Macedo, que organiza o evento, o objetivo do ato é manifestar apoio àqueles que estão nas ruas nas cidades brasileiras.

"Vimos muitas cenas de violência brutal contra os cidadãos e o não cumprimento da constituição que garante o direito de se manifestar. Queremos prestar apoio e acho que podemos contribuir para a força dos movimentos populares", afirma.

Em Coimbra (Portugal), haverá um protesto de estudantes brasileiros na próxima terça-feira (18).

Além desse locais, haverá manifestações em Valência, Madri, Londres, Turim, Den Haag, Porto, Barcelona, Munique, La Coruña, Bruxelas, Bologna, Frankfurt, Hamburgo, Boston, Chicago, Nova York, Toronto, Montreal, Vancouver, Edmond, Cidade do México e Argentina.

PROTESTO EM SÃO PAULO

A polícia deteve, ao longo de todo a quinta-feira (o quarto dia de protesto contra o aumento das tarifas no centro de São Paulo), ao menos 235 pessoas. Desses suspeitos, 198 foram encaminhados ao 78º DP (Jardins) e outros 37 para o 1º DP (Liberdade).

Segundo a polícia, do total, 231 foram ouvidas e liberadas durante a madrugada. Os quatro restantes seguem presos, sem direito a pagamento de fiança, por formação de quadrilha. Eles estão detidos na carceragem do 2º DP (Bom Retiro) e devem ser transferidos para um CDP (Centro de Detenção Provisória) ao longo desta sexta-feira (14).

De acordo com o MPL, cerca de cem pessoas ficaram feridas durante o protesto. O protesto de ontem também deixou sete jornalistas da Folha feridos, dois deles com tiros de borracha na região do rosto. Os sete estavam identificados como profissionais de imprensa e passam bem.

O confronto entre manifestantes e PMs começou quando a polícia tentou impedir o grupo de prosseguir a passeata contra o aumento dos ônibus pela rua da Consolação, no sentido Paulista. Com isso, houve bombas de gás lacrimogêneo e tiros de borracha disparados contra os manifestantes, que atiravam pedras e outros objetos.

A Secretaria de Estado da Segurança Pública vai investigar supostos abusos por parte dos policiais durante o protesto.

Na quarta-feira (12), o Ministério Público de São Paulo reuniu-se com manifestantes do MPL e se comprometeu a marcar uma reunião com o governador Geraldo Alckmin (PSDB) e com o prefeito Haddad, para negociar uma suspensão, por 45 dias, do valor da nova tarifa de R$ 3,20. Antes do aumento, a tarifa de ônibus, metrô e trens custava R$ 3.

O prefeito e o governador, porém, descartaram a possibilidade de suspender o aumento das tarifas pelo período.

"Quanto a reduzir o valor da passagem, não há possibilidade", afirmou o governador, que foi a Santos com o secretário de Segurança Pública, Fernando Grella, inaugurar uma delegacia e anunciar investimentos em segurança na região. "O reajuste foi menor que a inflação, tanto nos trens e metrô quanto nos ônibus", disse Alckmin.

Os manifestantes, liderados pelo Movimento Passe Livre, prometem um novo protesto na próxima segunda-feira (17), às 17h.


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