Folha de S. Paulo


Haddad decide convidar manifestantes para discutir transporte na terça

O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, decidiu convidar integrantes do Movimento Passe Livre, que tem organizado a onda de protestos contra o aumento da tarifa do ônibus, para uma reunião na terça-feira (18).

Haddad informou à Folha na tarde desta sexta-feira (14) que convidará o grupo para participar de uma reunião extraordinária do Conselho da Cidade na próxima terça-feira. O conselho é um orgão consultivo criado pelo prefeito neste ano e reúne 136 membros de movimentos sociais, entidades de classe, empresários, entre outros.

"O Movimento Passe Livre" terá espaço na terça-feira para apresentar suas propostas sobre o transporte público", disse Haddad.

O prefeito, no entanto, ressalta que o convite não significa que o governo tenha a intenção de reduzir a tarifa reajustada recentemente de R$ 3 para R$ 3,20.

Nesse ponto, segundo o prefeito, não há negociação. "O Movimento Passe Livre nos pediu espaço para discutir o tema, estamos abrindo debate", afirmou Haddad.

Érica de Oliveira, 22, uma dos representantes do Movimento Passe Livre, afirmou que o movimento ainda não recebeu nenhum convite da prefeitura. "Se receber, vamos negociar", disse.

Segundo ela, o próximo ato do grupo, marcado para segunda-feira (17), no largo da Batata, zona oeste de São Paulo, às 17h, está mantido. "Só será concelado se a tarifa abaixar", afirmou Oliveira.

Na manhã desta sexta-feira, em entrevista ao "Bom Dia SP", da Rede Globo, o prefeito disse que anteriormente chamou o Movimento Passe Livre para mostrar os custos do sistema de transporte público, mas que ninguém compareceu. Segundo ele, nenhum prefeito gosta de reajustar a tarifa porque "sabe que pesa no bolso do trabalhador".

Na quarta-feira (12), enquanto Haddad estava em viagem oficial a Paris, a prefeita em exercício, Nádia Campeão, disse que os métodos usados pelos manifestantes "impedem o diálogo". Segundo ela, os manifestantes não estão dispostos a dialogar com a Prefeitura de São Paulo sobre o reajuste da tarifa no transporte público.

TARIFA ZERO

Em entrevista ao "Bom Dia SP" nesta sexta-feira, Haddad disse que é irreal a implantação de uma tarifa zero na cidade e que não existe a possibilidade de reduzir o valor da passagem, que aumentou de R$ 3 para R$ 3,20 no último dia 2.

"A prefeitura não pode se submeter ao jogo de tudo ou nada. Ou é do jeito que eles querem ou não tem conversa", disse o prefeito.

Haddad voltou a afirmar que o reajuste ficou abaixo da inflação e que cumpriu compromisso de sua campanha. Segundo ele, se a prefeitura não subsidiasse a tarifa, o valor da passagem hoje seria de R$ 3,40. O prefeito disse ainda que a prefeitura gasta R$ 600 milhões de subsídios.

VIOLÊNCIA

Na terça-feira (11), segundo Haddad, a população assistiu a cenas de violência por parte dos manifestantes, com depredação a ônibus e ao patrimônio público. Ontem (13), disse o prefeito, as cenas de violência por parte da PM foram "lamentáveis e não condizem com São Paulo".

A Secretaria de Estado da Segurança Pública vai investigar supostos abusos por parte dos policiais durante o protesto.

O prefeito descartou a proposta feita pelo Ministério Público, feita na quarta-feira (12), de adiar por 45 dias o reajuste da tarifa para cessar as manifestações.

Ontem, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) também descartou a possibilidade de suspender o aumento das tarifas pelo período.

"Quanto a reduzir o valor da passagem, não há possibilidade", afirmou o governador, que foi a Santos com o secretário de Segurança Pública, Fernando Grella, inaugurar uma delegacia e anunciar investimentos em segurança na região. "O reajuste foi menor que a inflação, tanto nos trens e metrô quanto nos ônibus", disse Alckmin.

Colaborou LEANDRO MACHADO


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