Folha de S. Paulo


Secretário quer investigação de possíveis casos de abusos da PM

O secretário da Segurança Pública de São Paulo, Fernando Grella Vieira, lamentou os episódios de violência ocorridos durante o protesto contra o aumento das passagens de ônibus, nesta quinta-feira, na região central de São Paulo.

A pasta afirmou que "a Polícia Militar agiu para garantir a ordem, o direito de ir e vir e a segurança da população". O secretario porém determinou que a Corregedoria da PM apure rigorosamente os relatos de abusos atribuídos a policiais.

Em protesto, sete repórteres da Folha são atingidos; 2 levam tiro no rosto

Durante as manifestações, sete jornalistas da Folha foram feridos. Os repórteres Giuliana Vallone e Fábio Braga foram atingidos no rosto por disparos de bala de borracha da Tropa de Choque da Polícia Militar enquanto cobriam o protesto. Por volta das 20h, Giuliana subia a rua Augusta registrando o protesto quando foi atingida.

A cabeleireira Valdenice de Brito, 40, testemunhou o momento do disparo. "Quando ela me disse para sair dali por causa do tumulto, um policial mirou e atirou covardemente nela."

Giuliana foi socorrida por funcionários de um estacionamento. Outros cinco jornalistas da Folha também foram atingidos. Um deles, o repórter-fotográfico Fábio Braga foi atingido por dois disparos. Um atingiu o rosto e o outro a virilha.

O prefeito Fernando Haddad (PT) disse que não reduzirá a tarifa de ônibus na cidade de São Paulo. Ele reafirmou que o aumento de R$ 3 para R$ 3,20 ficou abaixo da inflação e que cumpriu compromisso de sua campanha.

Haddad acompanha o ato do seu gabinete e disse que esperaria um balanço para opinar sobre o protesto de hoje. O prefeito se disse favorável a manifestações desde que ocorram de modo pacífico.

PROTESTO

Esse é o quarto protesto contra as passagens de ônibus, na última semana. As pessoas começaram a se concentrar por volta das 16h, quando já havia grande quantidade de policiais, inclusive fechando o viaduto do Chá, onde fica a Prefeitura de São Paulo, e revistando e interrogando pessoas.

Antes mesmo do início da passeata, já havia 30 pessoas detidas. Entre os detidos está o repórter da "Carta Capital", Piero Locatelli.

O confronto começou quando a PM tentou impedir os cerca de 5.000 manifestantes de prosseguir a passeata contra o aumento dos ônibus pela rua da Consolação, no sentido da avenida Paulista. Com isso, houve bombas de gás lacrimogêneo e tiros de borracha disparados contra os manifestantes, que atiravam pedras e outros objetos.

Algumas bombas atiradas pelos policiais foram parar em um posto de gasolina, no cruzamento com a rua Caio Prado. Já a fumaça das bombas formou uma névoa que fez "desaparecer" os carros que ficaram parados na região.

NEGOCIAÇÕES

Na quarta-feira (12), o Ministério Público de São Paulo reuniu-se com manifestantes do MPL (Movimento Passe Livre) --organizador dos protestos contra o aumento da tarifa do transporte público-- e se comprometeu a marcar uma reunião com Alckmin e com o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), para negociar uma suspensão, por 45 dias, do valor da nova tarifa de R$ 3,20. Antes do aumento, a tarifa de ônibus, metrô e trens custava R$ 3.

Hoje, o governador Geraldo Alckmin (PSDB), porém, descartou a possibilidade de suspender o aumento das tarifas pelo período. Procurada, a gestão Fernando Haddad (PT) ainda não se manifestou se aceitaria a proposta do Ministério Público.


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