Folha de S. Paulo


Grupo tenta furar bloqueio e PM usa bombas na Consolação em SP

Um grupo de manifestantes tentou furar um bloqueio feito pela Polícia Militar na rua Consolação, na região central de São Paulo, o que fez com que a polícia respondesse com bombas de gás lacrimogêneo e tiros de borracha contra a multidão. Houve bastante correria e o clima era tenso no local por volta das 19h20.

O bloqueio montado pela polícia estava na altura da rua Cesário Mota, com a intenção de impedir que os cerca de 5.000 manifestantes não subisse a Consolação, em direção a avenida Paulista. A PM queria que grupo voltasse para a praça da República, mas os manifestantes não aceitaram.

PM detém ao menos 30 durante concentração para protesto em SP
Com medo de protesto, comerciantes fecham lojas no centro de SP
Alckmin diz que não é possível reduzir valor de passagem em SP

Parte dos manifestantes atiravam objetos contra os policiais, que revidavam. Alguns carros que estavam na rua Caio Prado ficaram presos no local, sem poder circular por conta da confusão.

Esse já é o quarto protesto contra as passagens de ônibus, na última semana. As pessoas começaram a se concentrar por volta das 16h, quando já havia grande quantidade de policiais, inclusive fechando o viaduto do Chá, onde fica a Prefeitura de São Paulo, e revistando e interrogando pessoas.

Antes mesmo do início da passeata, já havia 30 pessoas detidas. Um grupo chegou a cercar e pichar um ônibus na frente do edifício Itália. Os passageiros tiveram que descer.

O medo de confusão durante o protesto fez com que muitos comerciantes fechassem as lojas na região central. "Tem que fechar porque está todo mundo com medo da violência", disse uma funcionária da lanchonete Municipal, na praça Ramos. O estabelecimento, que costuma fechar às 22h, hoje fechará às 17h.

Um vendedor das Casas Bahia disse que a loja começou a fechar às 16h, enquanto o normal seria às 21h. A reportagem viu o momento em que o funcionário desceu metade da porta. Segundo a assessoria de imprensa das Casas Bahia, a loja está funcionando normalmente.

Ao menos dez dos lojistas que mantiveram as lojas funcionando deixaram as portas entreabertas. Na rua Xavier de Toledo, 98, sede da Marítima Seguros, os funcionários foram dispensados às 15h30, quando o horário normal é às 18h.

O porteiro de um edifício comercial da região, que preferiu não ser identificado, disse que "no protesto da semana passada teve muito problema porque os funcionários não conseguiram ir embora devido à confusão. Por isso, [hoje] já foram embora".

NEGOCIAÇÕES

Na quarta-feira (12), o Ministério Público de São Paulo reuniu-se com manifestantes do MPL (Movimento Passe Livre) --organizador dos protestos contra o aumento da tarifa do transporte público-- e se comprometeu a marcar uma reunião com Alckmin e com o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), para negociar uma suspensão, por 45 dias, do valor da nova tarifa de R$ 3,20. Antes do aumento, a tarifa de ônibus, metrô e trens custava R$ 3.

Hoje, o governador Geraldo Alckmin (PSDB), porém, afirmou descartou a possibilidade de suspender o aumento das tarifas pelo período. Procurada, a gestão Fernando Haddad (PT) ainda não se manifestou se aceitaria a proposta do Ministério Público.

"Quanto a reduzir o valor da passagem, não há possibilidade", afirmou o governador, que foi a Santos com o secretário de Segurança Pública, Fernando Grella, inaugurar uma delegacia e anunciar investimentos em segurança na região. "O reajuste foi menor que a inflação, tanto nos trens e metrô quanto nos ônibus", disse Alckmin.


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