Folha de S. Paulo


PM detém ao menos 30 durante concentração para protesto em SP

Ao menos 30 pessoas foram detidas na tarde desta quinta-feira durante a concentração para o protesto contra o aumento das tarifas de ônibus que ocorrerá na região central de São Paulo. Por volta das 17h40, um grande número de pessoas ocupava a escadaria do Theatro Municipal e a calçada da praça Ramos.

Os primeiros detidos foram cinco jovens que passaram pela revista dos policiais militares que montaram dois cordões de isolamentos nos dois lados do viaduto do Chá, onde fica a prefeitura. Todos no local passam por revista e interrogatório. Ao menos um deles tinha vinagre, que é usado para amenizar os efeitos do gás lacrimogêneo.

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Momentos depois foi apreendido um outro grupo de pessoas na praça do Patriarca. A polícia não informou a razão da detenção, mas eles foram levados para o 1º DP (Sé) e para o 78º DP (Jardins). Entre os detidos está o repórter da "Carta Capital", Piero Locatelli.

A concentração é acompanhada inclusive pela Tropa de Choque e pela Cavalaria da Polícia Militar. O medo de confusão durante o protesto fez com que muitos comerciantes fechassem as lojas na região central.

"Tem que fechar porque está todo mundo com medo da violência", disse uma funcionária da lanchonete Municipal, na praça Ramos. O estabelecimento, que costuma fechar às 22h, hoje fechará às 17h.

Um vendedor das Casas Bahia disse que a loja começou a fechar às 16h, enquanto o normal seria às 21h. A reportagem viu o momento em que o funcionário desceu metade da porta. Segundo a assessoria de imprensa das Casas Bahia, a loja está funcionando normalmente.

Ao menos dez dos lojistas que mantiveram as lojas funcionando deixaram as portas entreabertas. Na rua Xavier de Toledo, 98, sede da Marítima Seguros, os funcionários foram dispensados às 15h30, quando o horário normal é às 18h.

O porteiro de um edifício comercial da região, que preferiu não ser identificado, disse que "no protesto da semana passada teve muito problema porque os funcionários não conseguiram ir embora devido à confusão. Por isso, [hoje] já foram embora".

NEGOCIAÇÕES

Na quarta-feira (12), o Ministério Público de São Paulo reuniu-se com manifestantes do MPL (Movimento Passe Livre) --organizador dos protestos contra o aumento da tarifa do transporte público-- e se comprometeu a marcar uma reunião com Alckmin e com o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), para negociar uma suspensão, por 45 dias, do valor da nova tarifa de R$ 3,20. Antes do aumento, a tarifa de ônibus, metrô e trens custava R$ 3.

Hoje, o governador Geraldo Alckmin (PSDB), porém, afirmou descartou a possibilidade de suspender o aumento das tarifas pelo período. Procurada, a gestão Fernando Haddad (PT) ainda não se manifestou se aceitaria a proposta do Ministério Público.

"Quanto a reduzir o valor da passagem, não há possibilidade", afirmou o governador, que foi a Santos com o secretário de Segurança Pública, Fernando Grella, inaugurar uma delegacia e anunciar investimentos em segurança na região. "O reajuste foi menor que a inflação, tanto nos trens e metrô quanto nos ônibus", disse Alckmin.


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