Folha de S. Paulo


Com greve da CPTM, usuários enfrentam filas para conseguir entrar em ônibus

Desde o início da manhã de hoje (13) moradores do bairro do Grajaú, no extremo sul da capital paulista, enfrentam uma grande fila para tentar embarcar nos ônibus que fazem o itinerário da linha 9 -esmeralda da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos). A linha está totalmente parada por conta da greve dos ferroviários. Já as linhas 11-coral e 12-safira funcionam parcialmente por conta da paralisação.

A prefeitura acionou o Paese (plano de emergência feito com ônibus) para atender a grande demanda de passageiros. Por conta da greve, o rodízio de veículos foi suspenso em São Paulo.

Segundo a CPTM, utilizam a linha 9-esmeralda, que faz o percurso Grajaú, bairro da zona sul da capital, a Osasco, na Grande São Paulo, cerca de 550 mil pessoas por dia.

Moradores do Grajaú relatam que a fila, no horário de pico, chegou a dobrar o quarteirão. Renata Maria Neves, 24, normalmente leva 30 minutos para chegar ao trabalho, no bairro de Pinheiros, utilizando apenas o trem. Hoje, ela teve que se prevenir e sair mais cedo de casa. "Espero conseguir chegar antes das 11h", declarou.

Já a babá Márcia Costa Ferreira, 33, está pouco otimista e não acredita que vai chegar a tempo ao trabalho, no bairro da Aclimação, na região central. "Fui pega de surpresa pela greve. Agora, não sei o que faço. São 9h30 e deveria entrar às 10h no meu emprego".

Pricilla Aparecida Torres e Silva, 28, operadora de telemarketing, reclama da falta de informação. Ela foi orientada a entrar na longa fila única do sistema Paese e aguardar. Porém, não havia sido comunicada de que o ônibus a levaria apenas até a estação de Santo Amaro.

"De lá vou ter de pegar outro ônibus para ir até o centro onde trabalho. É muita falta de informação." Normalmente, Priscilla demora uma hora para chegar ao trabalho, mas hoje acredita que o percurso deve ser feito em pelo menos três horas.

A greve dos ferroviários começou ontem (12) à noite, após a CPTM rejeitar a proposta apresentada pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT) que previa, entre outros pontos, reajuste de 8,56%. O tribunal chegou a apelar para que os trabalhadores evitassem a paralisação antes que fosse anunciada uma decisão do TRT sobre o impasse.

Editoria de Arte/Folhapress

REIVINDICAÇÕES

A categoria reivindica reajuste salarial, aumento no vale-alimentação, mudanças no plano de carreira, entre outros. O Sindicato dos Trabalhadores em Empresas Ferroviárias da Zona Sorocabana --que opera as linhas 9-esmeralda e 8-diamante-- e o Sindicato dos Trabalhadores em Empresas Ferroviárias da Zona da Central do Brasil fizeram diversas reuniões para tentar fechar um acordo, mas nada foi acertado.

As linhas 7-rubi e 10-turquesa são atendidas pelos sindicatos dos Engenheiros no Estado de São Paulo e dos Trabalhadores em Empresas Ferroviárias de São Paulo, que já fecharam um acordo com a companhia

Em nota, a CPTM afirmou ontem que considera irresponsável a decisão de greve. A companhia aponta ainda que o TRT (Tribunal Regional do Trabalho) determinou que os empregados mantenham 100% da operação nos horários entre 6h e 9h e das 16h às 19h, e nos demais horários 75% da operação ferroviária.

O descumprimento da ordem judicial implicará em multa diária no valor de R$ 100 mil a ser revertida em favor do Hospital São Paulo, Hospital das Clínicas e Santa Casa de Misericórdia de São Paulo.

Uma nova assembleia da categoria está marcada para as 14h de quinta-feira, na estação Luz, quando a categoria vai discutir a continuidade da paralisação. Em caso de novas propostas da CPTM, os funcionários podem retomar os trabalhos em seguida.

Segundo a CPTM, com o reajuste oferecido, o salário médio dos ferroviários irá para R$ 2.646,18, sem considerar adicionais e benefícios.


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