Folha de S. Paulo


Para prefeita em exercício, manifestações violentas impedem diálogo

Após uma série de protestos violentos em São Paulo, a prefeita em exercício, Nádia Campeão, que é do partido comunista PC do B, diz que os manifestantes não estão dispostos a dialogar com a Prefeitura de São Paulo sobre o reajuste da tarifa no transporte público.

Em entrevista ao "Bom Dia SP", da Rede Globo, a prefeita afirmou que a prefeitura está sempre disposta a ouvir e discutir as reivindicações da população, mas que os "métodos escolhidos impedem um diálogo". O prefeito Fernando Haddad (PT) está em Paris para defender a candidatura de São Paulo para sediar a Expo 2020.

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Segundo Nádia, a atual administração tem buscado melhorar a qualidade do transporte público e disse que o reajuste foi "o menor possível" ficando abaixo da inflação no período. A passagem foi reajustada de R$ 3 para R$ 3,20 no último dia 2.

A inflação desde o último aumento, em janeiro de 2011, foi de 15,5%, de acordo com o IPCA (índice oficial, calculado pelo IBGE). No caso do Metrô e dos trens, o último reajuste ocorreu em fevereiro de 2012. Se optassem por repor toda a inflação oficial, a gestão Fernando Haddad (PT) teria de elevar a tarifa para R$ 3,47 e o governo Alckmin, para R$ 3,24.

A prefeita em exercício disse que hoje à tarde a prefeitura participará do encontro promovido pelo Ministério Público de São Paulo para discutir o aumento das passagens de ônibus. Organizações civis também estão convidadas. Segundo o órgão, o Secretário Municipal de Transportes, Jilmar Tatto, já confirmou presença.

A manifestação realizada ontem reuniu 5.000 pessoas, segundo a PM, e foi a mais violenta em comparação com os dois protestos que ocorreram na semana passada. Ontem, dois ônibus parcialmente incendiados, agências bancárias e lojas depredadas e 20 pessoas detidas.

As ruas da região central da capital viveram um clima de guerra durante o protesto, que durou mais de cinco horas. Manifestantes lançaram pedras e paus contra a PM, que revidou com balas de borracha, bombas de efeito moral e gás pimenta. Segundo a PM, grupos atiraram até coquetéis molotov contra os policiais.

O ato foi organizado pelo Movimento Passe Livre, que se diz apartidário. A manifestação contou com a participação de partidos políticos de esquerda e movimentos anarquistas. O grupo se diz contrário à violência e admite que não conseguiu controlar os manifestantes. Em sua avaliação, o confronto foi resultado de uma "revolta popular" e da violência excessiva da PM.


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