Folha de S. Paulo


Holandês suspeito de assassinar o filho diz que morte foi 'vontade de Deus'

O holandês suspeito de matar o filho de três anos em Fortaleza afirma que a morte da criança foi natural e por "vontade de Deus".

Stefan Smit, 37, foi preso em flagrante na noite de sábado (8) com sua mulher, a cearense Antônia Cláudia Marques da Silva, 24, após uma denúncia. Eles são suspeitos de homicídio e ocultação de cadáver.

Policiais foram ao flat em que a família estava e encontraram o corpo da criança em estado de decomposição. Segundo a polícia, o corpo apresentava sinais de agressões e no local havia uma caixa e sacos de areia, que seriam usados para enterrá-lo.

O outro filho do casal, de cinco anos, também estava no apartamento e tinha sinais de maus-tratos, por isso foi encaminhado para um hospital.

Em entrevista à TV Verdes Mares, afiliada da Globo em Fortaleza, na tarde desta terça-feira, o holandês disse que não houve tempo de chamar uma ambulância para socorrer o garoto.

"Ele de repente ficou durinho. Tinha problemas para respirar. Eu queria ligar para a ambulância, vesti minha roupa, eu senti, eu vi tudo acontecendo e coloquei ele no meu braço. Ele respirou ainda um minuto no meu braço e parou", afirmou.

"Era tão pouco tempo. Eu senti, era o momento mesmo, eu sabia que Deus levou ele, que era vontade de Deus", disse o holandês.

Stefan confirmou, durante a entrevista, que a caixa e a areia seriam usados para enterrar a criança.

IMIGRANTE ILEGAL

Segundo a polícia, Smit vive há seis anos no Brasil e, nesse período, manteve um relacionamento com Antônia. Ele estava ilegalmente no país, e nenhuma das crianças tinha certidão de nascimento.

Tanto Smit quanto Antônia negaram aos policiais que tenham matado a criança. O pai disse não saber o motivo da morte. A mãe afirmou que o menino bateu a cabeça ao cair durante o banho e depois parou de respirar.

No primeiro depoimento à polícia, ela afirmou que o holandês não a deixava sair de casa e que vivia sob cárcere privado. Mas, segundo o delegado-geral Luiz Carlos Dantas, Antônia deu informações contraditórias e deverá ser interrogada novamente. "Uma hora ela dizia que não podia sair de casa, outra hora dizia que podia sair às vezes", afirmou Dantas.

Parentes de Antônia, naturais de Camocim (370 km de Fortaleza), estão na cidade acompanhando o caso.

De acordo com o delegado, o outro filho do casal poderá ficar sob os cuidados da família da mãe após deixar o hospital. O casal continua preso. (AGUIRRE TALENTO)


Endereço da página:

Links no texto: