Folha de S. Paulo


Familiares pedem justiça durante enterro de funcionário do colégio Sion

O corpo de Eduardo Souza Viana, 39, funcionário do Colégio Nossa Senhora de Sion assassinado na segunda-feira (3) durante uma tentativa de assalto, no bairro de Higienópolis, em São Paulo, foi enterrado na manhã desta quinta-feira (6) na Bahia.

O enterro, realizado por volta das 8h, foi acompanhado por cerca de cem pessoas que foram até o cemitério do povoado de Iguá, a 12 km da cidade de Vitória da Conquista, no sul baiano. Alguns parentes, emocionados, pediam que o corpo não fosse enterrado.

Dinheiro da vítima era para construir casa e se livrar do aluguel
Funcionário do Sion ajoelhou antes de ser morto por assaltantes

O corpo passou a noite na Igreja de Nossa Senhora da Conceição depois de ter sido velado ontem na casa dos pais de Eduardo, no mesmo povoado. Cerca de 300 pessoas foram ao local à tarde.

Parentes e amigos o descreveram como um "bom filho" e disseram que não se sentem seguros nem dentro de casa, mas que a violência de São Paulo assusta mais do que no interior do país.

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O pai de Eduardo, Aurelino Suriano Paiva, 75, morou na capital paulista durante cerca de 20 anos e foi seguido pelos nove filhos, já moços. "Eu trabalhava de pedreiro e cada um teve uma profissão. Eduardo era um bom filho e criava os filhos dele muito bem", contou. Ele pediu justiça para os assassinos do filho. "Espero que as pessoas que fizeram isso com ele sejam presas. Meu filho tinha a vida pela frente, estava aumentando a casa e dizia que uma dia ia voltar."

Segundo Jussara Guina, 43, cunhada de Viana, ele gostava do emprego na escola e queria criar os filhos --de 6, 10 e 12 anos-- na capital paulista. "Acho absurda essa violência que tem afetado a vida de pessoas humildes, honestas, trabalhadoras. Eu quero distância de São Paulo", disse.

"Estamos todos muito abalados. Se fosse acidente não seria tão traumatizante. A violência em São Paulo é histórica, entra ano e sai ano e continua havendo essas mortes absurdas", afirmou Wanderlan Amaral, 49, primo da vítima.

O CRIME

O funcionário do Sion foi morto durante um assalto na porta da escola. ELe chegou a ajoelhar na calçada ao ser rendido pela dupla de assaltantes.

De acordo com a polícia, Paiva havia acabado de descontar um cheque no valor de R$ 3.000 em uma agência do Itaú e retornava para o colégio. A agência fica na esquina da avenida Angélica. O cheque seria relativo a um pagamento de um serviço que ele teria feito recentemente.

Os bandidos, segundo a polícia, fugiram em uma moto sem levar o dinheiro. Após ser baleado, Paiva chegou a caminhar na avenida Higienópolis, onde foi socorrido. Ele foi levado para a Santa Casa, mas não resistiu aos ferimentos.

Estudantes do colégio chegaram a fazer uma homenagem para a vítima.


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