Folha de S. Paulo


Cunhado de colombiano preso no Brasil é encontrado morto no Panamá

Após a prisão do empresário colombiano Alexander Pareja, 53, apontado como chefe de um grupo acusado de enviar cocaína à Europa, o cunhado dele, Henry Alejandro Rodrigues Gallego, da mesma nacionalidade, conhecido como "El Negro", foi encontrado morto no Panamá, na última semana. Outros dez suspeitos foram presos pela Polícia Federal e pela Guarda Espanhola.

"O 'El Negro' foi encontrado morto pela polícia do Panamá. A Polícia Federal acha que o mataram, mas não sabe ainda quem é o autor. Não foi a polícia na captura", disse o procurador da República Fábio Seghese, autor da denúncia no Ministério Público Federal do Rio de Janeiro.

Gallego tinha um mandado de prisão expedido contra ele no Brasil por associação ao narcotráfico e financiamento ao narcotráfico. Segundo Seghese, "o caso traz à tona a persistente e desembaraçada atuação criminosa de Alexander Pareja no Brasil, por ele ter escolhido o país como um porto seguro para a ocultação e dissimulação de um fluxo permanente de ativos resultantes do narcotráfico".

ALEXANDER PAREJA

Pareja é acusado por oito crimes de lavagem de dinheiro e pode pegar de cinco a 15 anos de prisão. Depois de um ano e meio de investigações, a Polícia Federal e a Interpol (polícia internacional) prenderam o empresário e outras dez pessoas acusadas de enviar cerca de cinco toneladas de cocaína de 2008 até maio deste ano à Europa --parte dela acondicionada em peixes congelados.

Sete pessoas foram presas no Brasil e três no exterior (Portugal, Suíça e Espanha). O espanhol Nicolas Gregorio Santana Betancourth foi o último a ser preso ontem (3), no Rio. "Ele morava com Pareja no Rio e era o testa de ferro, laranja, braço direito dele", afirmou o procurador à reportagem.

Pareja é morador da Barra da Tijuca, zona oeste carioca, e foi preso em Divinópolis (MG) na noite de sexta após aceitar o convite de empresários mineiros para uma festa.

PATRIMÔNIO

De acordo com a polícia, ele investia o dinheiro obtido com o tráfico na compra de imóveis, empresas e automóveis. Seu patrimônio é calculado em R$ 10 milhões. Filho de construtores, ele pouco sai de casa, apenas para viagens de negócios.

Segundo a investigação, investiu em postos de gasolina no Rio e até numa usina de álcool, que tenta reabrir no Estado de São Paulo. A prisão de Pareja levou a outros seis suspeitos de integrar a quadrilha no país, detidos em diferentes Estados.

Até a manhã de hoje, dois colombianos, três brasileiros, dois espanhóis e um português tinham sido presos em São Paulo, no Rio, no Pará, em Rondônia e em Rio Grande (RS).

Na Europa, um português e um espanhol foram presos, um em Lisboa e outro em Genebra, na Suíça. Outro espanhol foi detido em Barcelona.

OUTRO LADO

A advogada de Pareja, Janete Jane dos Santos, disse que o empresário pode estar sendo investigado pelo fato de ser colombiano. "Não sei o que aconteceu. Vou me informar. Imagino que ele e a família sofram tudo isso porque são colombianos", afirmou.

Pareja também responde a um processo por suspeita de tráfico de drogas e lavagem de dinheiro no Rio.

Ele já havia sido preso ao desembarcar no aeroporto de Guarulhos, na Grande São Paulo, em 2005, em ação com apoio de agentes do DEA, a agência americana de repressão às drogas.
Na época, segundo a PF, era acusado de "lavar" R$ 40 milhões em uma semana.

Após um período preso, voltou para a rua em 2008 e, segundo os investigadores, reorganizou os negócios.


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