Folha de S. Paulo


Amazonas tem 35 cidades em emergência devido a cheias de rios

Em 15 dias, o número de pessoas afetadas pelas cheias dos rios no Amazonas mais do que dobrou. Segundo a Defesa Civil estadual, já são 273.881 pessoas (ou 54.767 famílias) atingidas. Manaus e outras 34 cidades decretaram situação de emergência -- o Estado tem 62 municípios.

Os municípios em emergência estão nas calhas dos rios Madeira (1 cidade), Juruá (7), Purus (1), Solimões (18), Japurá (1), Negro (1) e Amazonas (6).

No início desta tarde (3), o Serviço Geológico do Brasil, órgão federal que monitora os rios do país, divulgou o último alerta de cheia para o rio Negro, que banha Manaus. A cheia do Negro é considerada a oitava maior da série histórica de 111 anos, desde que o monitoramento do rio começou a ser feito no porto de Manaus, em 1902.

Hoje, o nível do rio Negro chegou a 29,28 metros --a 69 cm do recorde da enchente registrada no ano passado.

Segundo o engenheiro de hidrologia Daniel Oliveira, do Serviço Geológico do Brasil, nos próximos 15 dias o nível do Negro pode chegar a 29,71 m. "Vai depender das chuvas. Já estamos vivenciando uma grande cheia ocasionada por um volume de chuvas acima do normal e pelo represamento das águas do rio Solimões sobre as do rio Negro", afirmou.

O problema, segundo Oliveira, é que nos próximos 60 dias o nível do rio Negro ficará acima de 29 metros. Nesse período, a população terá de conviver com água dentro de casa e sob a ameaça de contrair doenças e de ser atacada por animais como cobras e jacarés.

A Prefeitura de Manaus anunciou o cadastro de 816 famílias para receber o auxílio moradia de R$ 300. Com o benefício, elas deixaram as casas alagadas e alugaram imóveis em áreas sem inundações. A prefeitura também construiu 2,5 km de pontes de madeira para o acesso às ruas de sete bairros da capital.

ESCOLAS

Em seis municípios do interior, 12 escolas estaduais de ensino fundamental e médio foram fechadas. Há 2.500 alunos sem aula desde que as águas inundaram escolas das cidades de Anori, Nhamundá, Anamã, Careiro da Várzea, Itacoatiara e Urucurituba.

A Secretaria Estadual da Educação diz que a paralisação foi necessária devido à dificuldade de acesso às escolas e ao comprometimento da infraestrutura de prédios escolares localizados em áreas ribeirinhas.

Essas escolas, segundo a pasta, adotarão um calendário especial que permitirá que, após o período da cheia, os alunos cumpram a carga horária anual de 800 horas/aula determinada pelo Ministério da Educação.

A subida das águas é um fenômeno que ocorre todos os anos. Na bacia amazônica, a cheia ocorre no inverno local, entre novembro e junho. O regime de chuvas é que determina se a enchente será grande. Neste ano, as precipitações no Amazonas então influenciadas pela chamada zona de convergência intertropical, fenômeno climático que provoca chuvas acima da média.


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